Assistindo pela televisão os resultados e debates, pós
apurações, ouço de Mink uma frase infeliz: "entramos
na nova era, estamos na nova onda, é vermelha a onda que abraça
o Brasil".
Errado, Caro Mink!
Concedo-lhe o desconto, certamente do entusiasmo, nascida tal
heresia. Não me calo porém, antes que minha reflexão
expire, por decurso de prazos, por prescrição, por revelia,
por hora tardia.
Comemoremos: sim!
Saudemos a vitória da Democracia, cantemos nossa Pátria
com toda energia, mas sem desafinar.
Vermelha a Estrela do PT (adornada por tarjas outras de duvidosa
origem), vermelha a paixão que levou o Povo as ruas, vermelha a
caminhada dos brasileiros, porque retinta no sangue da dor-suor-luta:muitos!
Sangue dos excluídos, sangue dos desempregados, sangue dos operários,
sangue da classe média envergonhada e desnutrida (ainda que sob
poses escondida), sangue dos sem teto, dos famintos, dos sem escola,
dos meninos de rua, das favelas tomadas por traficantes, dos subúrbios
amedrontados, das avenidas desesperadas no pânico retintas: sangue
de nossas vidas. Agora a onda é outra.
Ou melhor, o mar é outro, e não há calmaria. São
ferozes as ondas, são gigantes, urge estabelecer táticas,
ordenar pensamentos, unir vontades, vestir responsabilidades (quantas
tantas), para fazer a travessia.
Espero, Caro Mink, que uma noite de sono, um amanhecer branco de paz,
tenha deletado de sua memória insensato discurso.
É chegada a hora de assumir: verdes-amarelos- rumos.
Lula é Presidente do Oiapoque ao Chui, de todos é
o timoneiro.
Lula é Presidente dos Brasileiros!
Sabe Mink, acredito nele. Acredito que governará sem radicalismos,
sem exclusões, sem preferências de cores, sem direcionamentos
por emoção.
Espero que Lula, traga no peito uma única estrela, se possível
anil, com maiúsculas letras, onde se leia sobre-tudo, SOBRETUDO:
BRASIL!
Espero que o vermelho, seja o tom da coragem, tão somente.
Coragem para impor probidades, coragem para garantir transparências,
coragem para não ceder aos interesses espúrios de um Antonio
Carlos Magalhães, de um Cavalcanti, de uma Oligarquia oportunista
que pegou carona nos momentos últimos, movidos apenas pelo
credo e pelo gosto do poder, nos medos de perder seus gozos.
Coragem para enfrentar os tubarões, coragem
para usar o arpão.
Desejo que Lula use nossas cores, com pinceladas certas:
o Branco, para tingir discernimentos na hora da escolha dos nomes,
que mãos juntas, esperamos editem
um Brasil justo, um Brasil capaz.
o Verde, para desbotar as manchas negras das negociatas, das instituições espúrias, dos sujos costumes.
o Amarelo, para impulsionar nossas riquezas, assegurando equânime distribuição de rendas, contendo a evasão de nossas divisas, garantindo nossa soberania.
o Anil, para derramar sobre todos Nós: tolerâncias, compreensão, paciência, e NACIONALISMO, pois que a severidade no trato da coisa pública implica em sacrifícios, exige tempo.
Que assim, em verde- amarelo- branco- anil, possamos manter a corrente, mesmo no tempo difícil, para que de fato, Lula re-escreva o Brasil.
E sem perder o tom, sem radicalismos partidários, pautando-se em: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, ética, economicidade.
Magnos princípios reguladores da conduta de um Honesto dirigente da Nação.
Este, Caro Mink, meu único desejo, ver estampados tais nortes no Governo Lula, como nossa Bandeira, como único Brasão.
Em Verde-Amarelo-Azul e Branco, minha Parótica saudação.
AnaMerij
RJ- BRASIL
29/10/2002