Todos os anos o mesmo desespero de enchentes incríveis em diversas partes de nosso país. O Rio de Janeiro é um dos pontos mais atingidos, principalmente cidades do estado do Rio como Petrópolis e como sempre o desespero da pobreza.
Esse ano a querida Angra dos Reis foi vítima dolorosa desse caos que se abate seguidamente ainda mais pela falta de cuidados, sabendo os nossos dirigentes que isso acontecerá ano a ano se não tomarem providências.
Mas eles precisam se preocupar com a política, as viagens com comitiva, os prêmios que recebem, a popularidade no exterior, as propagandas na mídia, o cultivo da admiração de sua imagem, a aparência que agora é mais um canal no narcisismo que ostentam.
Esquecem que enquanto pensam em outras coisas e o poder se faz mais importante para eles, milhares de pessoas sem teto e comida padecem o mal maior que pode acometer ao ser humano: A fome.
Angra do reis está abatida pela catástrofe e milhares de casas pobres foram trucidadas pela chuva e pobreza que indigna a quem presencia cenas tão pungentes de dor e desespero. Agora o governo vai chamar a atenção para a ajuda que ostentarão, sem entenderem que devem fazer isso por obrigação. Não estão fazendo nenhum favor!
E aqueles seres humanos que foram atingidos em outros lugares, cujas casas frágeis e sem estrutura também estão sendo consumidas, mas que a mídia ainda não teve conhecimento? Esses ficarão chorando com frio e fome esperando a solidariedade de alguém que se proponha a isso.
Estou aqui em Brasília e vejo como se sofre na periferia dessa cidade privilegiada onde políticos se reúnem ali tão perto, tratando de assuntos também “sociais” enquanto a miséria se avoluma. E me pergunto até quando nossos irmãos sofrerão e pagarão com seu sofrimento o estigma da pobreza e falta absoluta de tudo que um ser humano precisa para ter simplesmente uma vida digna.
Tento fazer um trabalho nessas cidades, mas realmente sinto-me uma idiota, uma semente inútil e pequenina. Sinto-me impotente, ingênua e minha indignação enche meu coração nessa época de natal em que nós privilegiados usufruímos o colorido, beleza e luzes que a cidade produz.
Não estou sonhando com utopias, apenas desejo dignidade para todas as pessoas, cidadãos que compõem nosso país, tão rico e tão produtivo, mas esquecido pala maioria das pessoas que podem realmente fazer algo real e objetivo.
Estou pedindo amor. Amor que possa ser estendido a todos, erradicação da miséria como se tenta fazê-lo com as doenças perigosas e antigas. Estou pedindo compreensão e um rasgo de generosidade natural e compreensível de quem pelo menos pode tentar fazer com que os trabalhadores ou desempregados de nosso país não rastejem por esse infortúnio devastador e cada vez mais alucinante.
Estou pedindo amor!
Vânia Moreira Diniz