Se Alan Kardeck teve razão, são as nossas feridas que atraem as moscas e os maus espíritos que nos importunam. Serei uma imensa ferida ou um pântano do qual ainda nem emergi para vir a ser um nobre jarro para vinhos, sucos e licores? São Roque, chame todos os cães deste mundo para assearem as minhas feridas e, assim, livrarem-me das moscas mandadas por Raul Seixas ou por Paulo Coelho? Sei lá!...Ouço um cd do saudoso Bob Marley. Viva o cachorro rastafari dos pais da Valéria!... Viva!... Arrocha a negrada! Êê!!!... Quando você passar perto de alguma farmácia (quando for comprar pães) faça-me o favor de olhar lá a minha pressão arterial. O meu endocrinologista aconselhou-me a faze-lo pelo menos de dois em dois dias. Hoje, 15 de Novembro de 2002, rememora-se o golpe de estado que pôs fim à monarquia e instaurou a “república” patrimonialista (Estado privatizado?) no Brasil. Eu não vejo nenhum motivo para que comemoremos esta data. Nenhum mesmo! Por isto eu passo este dia como outro qualquer... do mesmo jeito.
Uma chuva morna e ácida me adormece na Alemanha “underground” gay/ bissexual que vi no filme O Trio dirigido por Hermine Huntgeburth. Um filme semi-cômico e perturbador no qual o amor ou a batalha em busca do amor ( a mais elementar e repetitiva das batalhas humanas), no fim das contas, nos torna todos iguais. O roteiro deste filme alemão, elogiado pelo Berliner Zeitung e até pelo Los Angeles Times, foi composto por Horst Sczerba, Volker Einrauch e Hermine Huntgeburth e está ainda em cartaz no Cine Belas Artes do West Shopping de Ribeirão Preto/S.P. / Brasil. Cinco personagens: Zobel, Lizzie, Rudolf, Karl e Dorothee. Todos aventureiramente trágicos num impasse mítico, arquetípico, contemporâneo do sub-mundo de um dos países mais ricos do Primeiro Mundo (Europa). Tensão constante e cortante, interrupções e insolúveis descaminhos. Malandragens e espertezas didaticamente ensinadas aos componentes do trio duro e audacioso.Um filme que me fez suspirar, sussurrar, ansiar em vão. Como em nossas vidas, um filme sem final feliz, nem infeliz, com um desfecho perplexante e pronto. Zobel atirou a serpente de Rudolf numa movimentada auto-estrada no meio de uma briga do trio. A música desta película foi composta por Niki Reiser e não é pungente. Os figurinos são expressivos e reveladores e foram propostos por Peri de Bragança. Será um português ou um brasileiro? Não sei, lamento.
José Luiz Dutra de Toledo