Passamos pelo Natal e Ano Novo e os brasileiros esperam o carnaval em grande expectativa. Afinal é nossa festa, cujo folclore é arrebatador e faz com que esqueçamos certos sofrimentos para vivê-lo. ! É verdade que hoje existe o temor das doenças e da violência que o contaminam e fazem com que o medo se espalhe de forma grotesca.Que trazem uma marca de dor em meio à alegria contagiante. E começamos a pensar porque certos atos de barbarismos tomaram conta de todo uma nação, de gente tão sensível e especial! E claro que algumas nuvens pesadas, encobrem a festa popular!
Mesmo assim a trepidação domina quando essa época se aproxima e me recorda o entusiasmo das pessoas, que o ano inteiro se prepararam para exibir fantasias que brilham, tanto quanto seus corações. Abriram mão até de ter uma qualidade de vida melhor, hábitos que lhe deleitam, para prepararem como num sonho a indumentária na espera de nossa festa. E isso nos faz pensar na idolatria que o carnaval significa para o país.
Uma escola de samba é constituída de pessoas de todas as classes, desde os mais ricos àqueles cujo valor aquisitivo é mínimo. E elas vivem do amor que essas pessoas dedicam à sua escola. Vibrando no desfile com os passos que desde pequenos exibem, naquele ritmo retumbante e embriagador, esquecido de privações, tristezas ou sofrimentos e embalados no compasso espetacular de nosso samba maior.
Falo do Carnaval com isenção, sentindo o que todos os amantes dessa festa experimentam, porque sempre fui fanática por ele.Lembro-me que quando estava começando a adolescência, brincava à tarde e voltava à noite com meus pais e amigos, totalmente dominada pela dança característica, alegria e o vigor indescritível que tomava conta de todas as pessoas.
Não posso deixar de confessar o fascínio que me domina na força da fantasia e do devaneio, em tudo que constitui um traço marcante em nossas vidas.E talvez não exista nada que cause tanto deslumbramento e enlevo do que o nosso brilhante carnaval. Ali é o sonho em delírio, a força das músicas, do colorido, das fantasias e parece que outro mundo se apresenta naquele barulho bem-vindo.
Mas como sempre, tenho que me abismar com o povo humilde de nosso país, que esquecendo as adversidades, os políticos displicentes, a falta de emprego, a desproteção, a insegurança e ausência de horizontes são capazes de sentir a ilusão que as alegorias lhe causam, transtornando-os positivamente.
É lamentável que hoje, em meio ao arrebatamento que esse folclore nos conduz, surjam espectros, toldando a única alegria mais intensa, com a qual o nosso povo se resguardava para viver, gritar, enxergar luz e expelir seus maus presságios. Mas voltamos a sonhar...
E imaginar que todos nós, ali no espaço tão colorido, nos acordes das músicas e efervescência de energias trocadas, sentindo a vida, que parece finalmente verdadeira e praticada, deixamos tudo que nos amedronta e mergulhamos no sonho oficial e legítimo do brasileiro.
Oxalá pudéssemos desfrutar dias e momentos de verdadeiro prazer e alegria. Mesmo assim esperamos o carnaval ainda com olhos brilhantes e encantados pelo samba embalador que nos faz mexer em cadência uniforme o corpo ansioso e o espírito esperançoso.
Vânia Moreira Diniz