A Alavanca da fraternidade

De repente fui acometida por dores físicas e emocionais...Uma avalanche de sentimentos em total desencontro. Não sabia dizer o que doía mais. O corpo ou a alma.
As imagens torturantes vinham e iam, me causando taquicardias e ansiedades crescentes. Onde eu iria parar, imersa naquela sensação de liquefação iminente?
As vozes chegavam. Sons mesquinhos, vaidosos, invejosos. Era insuportável ser a atração principal de um roteiro que eu não havia traçado.
Não sentia as picadas das agulhas que me serviam para anestesiar, como se intimamente compreendesse os benefícios. Eu me abstraía nesses momentos... mas me vinham logo as imagens do ontem, as vozes da outra margem, os risos perdidos na voragem do tempo e minhas lágrimas não cessavam, tortura incomensurável. Mas comecei a ouvir outros sons. Eram melodiosos, como preces, vibrações para que eu não submergisse...
E vinha som de acalanto, de cantiga de roda... e eu comecei a esboçar um sorriso , e me levantei para abrir  as janelas de minha alma. Vi um colorido lindo... vi uma alavanca de pedras preciosas, que se constituía no carinho dos amigos que se mobilizaram para amenizar esse momento.E a escuridão passou. Era a alavanca da fraternidade. Sem ela, a humanidade não progride. Sem ela tudo perde o sentido.
Se as pessoas soubessem o quanto vale uma palavra, um sorriso, um simples como vai você, num momento de fragilidade como esse que vivenciei, muita coisa poderia ser revertida, pois o AMOR seria exercitado em toda a sua essência. E nada pode mais que o AMOR!
"Em tempo de dores, palavras amigas têm tom de flores".

Belvedere

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