A VIDA COMO ELA É

 Interessante a vida.

 Intrigante como as pessoas se comportam.

 Impressionante as ações, reações e intenções de alguns.

 Alguns acontecimentos parecem coisa de cinema, outras nem isto, são como cenas daqueles dramalhões mexicanos, de
 péssima qualidade.

 Não estou a julgar pessoas, estou sim, a narrar as atitudes.

 Sorrisos, apertos de mãos, abraços afetuosos e um falso querer bem que instiga a investigação.

 Dizer que família é um mal necessário seria simplista demais.

 Dizer que o amor familiar é desinteressado e gratuito é ledo engano.

 Conviver é necessário e para tanto abrem-se comportas de gentilezas muitas vezes forçadas que acabam por inundações
 de alfinetadas sutis e outras coisas de brucutu.

 Enquanto há interesse, seja sentimental, financeiro ou psicológico quanta simpatia e malvadeza disfarçada em dentes
 alvos e obturados, alguns de ouro.

 Sinto muito ter que conviver com sentimentos tão mesquinhos.

 Hoje é um amor danado, desmedido e amanhã pode ser uma antipatia monstro que lembra a idade média.

 Não acordei nesta segunda-feira de pé esquerdo.

 Foi um final de semana de observação atenta que me leva a estas conclusões.

 A convivência humana está doente de atitudes sinceras.

 Há um mal estar no ar que beira o mau cheiro.

 Quem não sabe que o fulano não gosta do beltrano e que só o atura pelos laços atuais?

 Tudo é evidente, mas nos comportamos como se tudo fosse uma peça teatral...

 Ninguém engana ninguém.

 Somos um cifrão, um zero a mais ou uma simples vantagem, que faz com que nos tornemos mais bem aceitos naquele
 quarteirão, naquela sala, naquela mesa.

 Não convivo bem com a falsidade.

 Prefiro conviver com um cão que rosna, late e mostra os dentes querendo me afugentar do que aquele sorriso idiota
 querendo me convencer que me suporta.

 Sei, sei que não tem como isto ser feito assim...

 Tenho que ter paciência.

 Tenho que ser educado.

 Civilizado.

 Não falei?

 Olha eu aí a ter que me comportar como quem critico...

 Xande Rego

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