Quando terminei meu noivado com Matheus parecia que o mundo acabaria em pouco tempo. Enxoval pronto, casa alugada e arrumada, todos os amigos sabendo que o casamento seria dentro de três meses... Que decepção!
Decidi, então, para desabafar, escrever uma carta ao meu anjo da guarda, pedindo que me livrasse de similares a Matheus e que me sinalizasse quando surgisse o homem de minha vida. Pedi que fosse através de uma música: "Eu sei que vou te amar."
Um ano se passou.
Estava em uma livraria quando conheci Marcos, que, como eu, era viciado em literatura. Nosso entendimento foi algo mágico. Iniciamos um namoro e não tardou para que mostrasse desejo de conhecer meus pais. Assim, marcamos um jantar.
No dia, tudo foi feito de modo que nada desse errado. O cardápio excelente, as músicas escolhidas com o maior cuidado, para dar aquele clima romântico. Tudo conspirava para um pedido de casamento à moda antiga.
As horas passavam e Marcos não aparecia. Deu meia-noite e, então, decidimos colocar um ponto final na espera.
Eu, desesperada, pensei até em tomar uns comprimidos e dormir quatro dias... Ou para sempre!
Exatamente à uma hora, o telefone toca. Era Marcos. Dizia que na vinda do trabalho seu carro chocara-se com outro na Ponte Rio-Niterói, e o motorista fora ferido. Tal fato gerara necessidade de ocorrência policial, tudo muito moroso.
Pedia, quase chorando, que eu nada dissesse e que apenas ouvisse o que ele iria colocar do outro lado.
Eu, perplexa, comecei a ouvir Tom Jobim cantar: "Eu sei que vou te amar... por toda minha vida eu vou te amar..."
Belvedere