O
tropel de cavalos mexicanos no rock do guitarrista Carlos Santana e a alma
do homem (portadora do sentido da catástrofe).
(...) “Um grande ator sem vocação,
ator desconhecido, sem palco, sem cenário e sem palmas. Acreditava
na função religiosa do sexo. As idéias andam sempre
no ar e muitos podem captá-las ao mesmo tempo. Dois amantes que
se beijam são duas caveiras que se beijam. Uma mulher com um velho
no colo – um velho calvo e barbado... a contínua tendência
do homem a ouvir a fala da antiga Serpente na sucessão dos tempos,
desde a primeira gargalhada do Filho de Deus!... A cada ação
corresponde não só uma reação, mas também
uma abstração.” — Murilo Mendes & Ismael Nery.
Eu lhe
abençôo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!...
Se as doenças nos fazem mal, para quê nos reunirmos por dias
a fio para delas falarmos? Seríamos só casos médicos
sem individualidades e sem outros conteúdos em nossos perfis e histórias
pessoais? Que sentido isto faz? Só reforça a visão
da sociedade que só nos vê enquanto doentes? Morbidez e masoquismos
nos estonteiam.
“Acabaram-se os tempos. Morreram as árvores e os homens. Destruíram-se
as casas. Submergiram-se as montanhas. Depois o mar desapareceu. O mundo
transformou-se numa enorme planície. Onde só existia areia
e uma tristeza infinita. Olhando a cólera de um Deus ofendido, um
anjo sobrevoa os destroços da terra. E encontrou nossos dois corpos
fortemente entrelaçados. Que a raiva do Senhor não quis destruir
para eterna lembrança do maior amor.” — Ismael Nery in: Poemas a
uma mulher – 1933. (...) “A humanidade, como as plantas, precisa de estrume.”
(...) “O que vibra numa parte repercute noutra. Chega-se, assim, à
consciência de que possuímos um patrimônio comum.” —
Ismael Nery & Murilo Mendes.
E na praia das saudades verti minhas lágrimas de água e sal,
de vida e morte, de Sodoma, de Jerusalém e de Lisboa. À minha
frente o mar pulsava e ondulava-se eternamente. Até o fim se confundir
com o início, até a sucessão dos tempos virar um monte
de cacos irreversivelmente desconexos e não reorganizáveis
nem pelo anjo de Paul Klee!... Foi assim que ecoou o misterioso riso do
Salvador!...
“A solidão do homem é o que mais o apavora na vida. Os homens
se olham como desconhecidos com as mesmas roupas.” — Ismael Nery.
Você sabia? Alberto Santos Dumont não nasceu em Dumont
– Estado de São Paulo – mas, sim, no sítio Palmira,
sopé da serra da Mantiqueira, no atual município de Santos
Dumont, Estado de Minas Gerais. Seu pai Henrique manteve uma bela casa
em Ouro Preto, capital mineira de então. Alberto Santos Dumont,
o Pai da Aviação, seguindo as trajetórias de seu pai
cafeicultor, foi batizado no vilarejo fluminense Rio das Flores e acabou
vindo para a região de Ribeirão Preto, onde viveu algum tempo
com seus familiares (no atual município de Dumont – SP), de onde
foi estudar na França, onde voou pela primeira vez.
A velha cobre os espelhos dos guarda-roupas ante o show divino de uma tempestade.
Lanúcia corre para debaixo da cama. A vaca louca e o carbúnculo
voltam a atacar. Talvez a varíola também. E se voltar também,
como no início do século XX, a gripe espanhola, meu Santiago
de Compostela? Antes, vou saborear uma suína e bem temperada costela.
Valha-me Deus!... Não nos atire tantas pedras-mísseis, granizos
e cristais aziagos!... Prefiro trovões de tambores celestiais tocados
pelas vigorosas patas de bunodontes, Senhor!... Poupe-nos de uma chuva
de gafanhotos,Criador!... Salve-nos de uma chuva de gafanhotos e de um
mar de sangue, Criador!... Salve-nos de uma guerra química, São
Sebastião!...
Não desejo um mundo como o dos contos de fadas nem pesados fardos
e, menos ainda, tristes fados. Nos cenários das festas caribenhas
dos clubes dos ricos só aparecem as bananeiras e nunca lá
vemos os que cagam atrás delas. Ainda sonho em sombras e aos cânticos
das águas frescas dos riachos do paraíso que estamos a perder
de vista e de rumo. Viva a Imaculada Conceição!...
José Luiz Dutra de Toledo
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