Olhar de frente, alcançar a perfeição, gostar muito, muitíssimo, do que se faz, eis o segredo de Fernão Capelo Gaivota. Só porque existem gaivotas que não pensam com os mesmos pensamentos, que não raciocinam com o mesmo raciocínio, não é problema para Fernão. Mesmo sendo apenas um entre um milhão, mesmo tendo de percorrer um caminho quase infinito, Fernão sabe, é intuito, de que na vida há algo mais do que comer, ter posição importante, ser amado ou criticado: viver é lutar. Uma, cem, mil vidas, dez mil! Até chegar à perfeição, à vitória da eterna aprendizagem, porque nenhum número é limite. A ninguém é permitido deixar de aprender, e para nada além de "vontade" e de "amor" haverá significação sincera.
Passa o tempo, passam os lugares, passam ou não passam os semelhantes, Fernão Capelo vai em frente, voa, aprende, treina, paira sobre o comum do comum viver. O destino é o infinito, o caminho é nas alturas! Tudo espontâneo, natural, pois quem se ilumina cumpre a missão da luz, que vale para si e para todas as criaturas. A grande maravilha do amor é o seu profundo contágio. O que vale para Fernão valerá para todas as gaivotas. C) sentimento é o santuário, e a sua paz reflete e flui incessante. A fé testemunhada no esforço evolutivo é a bênção de dádivas de amor. Ela aclara e edifica e melhorando-se, melhora os que Ihe percebem a trajetória.
Interessante, mesmo para uma gaivota voadora! Quanto mais Fernão treinava os seus exercícios de bondade, quanto mais trabalhava para compreender a natureza do amor, mais desejava regressar à terra, estar entre os seus, ser rodeado pelos do seu bando, por aqueles que não vêem nem a ponta das próprias asas! O que vale b mostrar-lhes o paraíso! Um depois do outro, muitos, todos, um dia chegarão a voar. Todos voarão porque voar é muito bom. Francisco Coutinho Gaivota, Martinho Gaivota, velhos hoje, novos amanhã, não importa, o que vale é caminhar para o infinito, iluminar-se com a luz que ilumina a própria luz!
Excelente experiência a leitura do livro "Fernão Capelo Gaivota", leitura de letras e leitura de imagens, pois volume mais ilustrado não há. Enquanto eu lia e voava com Fernão, enquanto eu sentia o friozinho das alturas e a transparência de infinitude dos espaços, lembro-me porque os chineses colocam os homens tão pequenos em suas pinturas, principalmente nos panoramas. s que é preciso limitar o seu valor diante da natureza, fazê-lo ver a sua pequenez no pano de fundo da vida. Subir uma montanha, ou voar, limpa o humano peito de uma multidão de ambições tolas e desnecessárias. Sentindo-se pequeno, tornar-se-á- grande, na grandeza da humildade. . .
Wanderlino Arruda