Por causa de um problema de saúde fui obrigada a me afastar temporariamente da Internet, fiquei alguns dias internada e completamente isolada da rede.
Como era de se esperar, em meu retorno haviam centenas de emails entupindo meu correio. Esses emails eram, em sua grande maioria, referentes aos primeiros dias de afastamento. Pude perceber a seqüência em que as pessoas iam desistindo de contatos, diminuíam drasticamente a quantidade de correspondência dia a dia.
Algumas ainda persistiam por vários dias e perguntavam o que estava ocorrendo, por que não respondia mais aos seus emails. Outras já mandavam emails cheios de raiva por eu não enviar as respostas.
No meio de todos esses emails houve um que me chamou a atenção. Foi de uma leitora do meu site. Esta senhora escreveu uns dois dias após minha internação dizendo ter lido alguns textos meus e que eles a tinham divertido demais, estavam fazendo muito bem a ela lê-los. Passados mais uns dois dias, outro email da mesma pessoa dizendo que entendia a minha demora, que provavelmente eu deveria ter muitos emails para responder, por isso estava demorando em contatá-la.
Mais um dia e veio um email da leitora dizendo que procurou nas páginas de buscas alguma notícia minha, pois estava muito preocupada. Chegou a dizer que pensou em ligar aos hospitais para saber se eu havia sofrido algum acidente, mas não sabia por onde começar a procurar.
E continuei lendo os emails ficando a cada um, mais agonizada com a preocupação que causei àquela desconhecida.
Após uns dez dias sem comunicação, ela resolveu então aceitar o meu sumiço definitivo, provavelmente causado por minha morte súbita. No penúltimo email ela diz que mandou rezar uma missa para mim e que diariamente me incluía em suas orações junto às suas amigas, para que minha alma descansasse em paz. Fiquei imaginando, se eu estava morta, quem iria ler os seus emails?
Resolvi então acabar logo com o mistério e responder ao último email da seguinte forma:
Minha querida leitora
Continuo ainda viva e gozando de ótima saúde. Realmente me afastei da Internet, devido ao agravamento de uma doença, a qual eu andei abusando um pouco.
Agradeço muito sua preocupação, determinação, insistência e orações para comigo.
Espero que continue a me prestigiar com sua leitura.
Um grande abraço da amiga
Vera Vilela
Para minha surpresa, no mesmo dia, ela me respondeu ao email da seguinte forma:
Sra Vera Vilela
Muito me admira uma escritora como a senhora, que eu julguei uma pessoa séria, me fazer passar por um papel ridículo deste. Até missa mandei rezar e agora me aparece viva?
O que vou dizer para minhas amigas que se reuniam aqui em minha casa para juntas fazermos orações pela sua alma?
Aviso que não vou mais ler suas coisas e nem rezar mais pela senhora, e por favor se ficar doente, nem me avise.
E passe muito bem
Maria da Silva
Achei por bem não responder novamente e “enterrar” o assunto. E perdi uma grande fã.