Por apenas três anos, morei em Copacabana. Da minha janela, no sétimo andar, eu via o mar; via a imensa lua mergulhando nas águas. Mas, os momentos que deixei escapar, às vezes, me tiram o sono, à noite.
Esses momentos começaram quando, instalando meu telefone, me deram um número que pertencera à Mariana de Morais, a atriz .
Eu era amável com todos, mas não sabia dar o novo número de Mariana e quanta coisa perdi!
Uma vez, me perguntaram, era um homem:
Você sabe quem está falando?
Não!
Não quer saber?
Não...
Este, então, me dó mais que tudo no mundo era bem tarde, talvez o começo da madrugada:
Tive uma inspiração, e escolhi você para me ouvir...
Eu desliguei o telefone temerosa de ouvir uma coisa desagradável. Mas os que gostam de escrever, nada devem temer.
A dor desse desencontro, desse enigma, me persegue até hoje.
O telefone de Copacabana, me trazia o mundo da boemia, dos teatros, dos artistas que chegavam procurando por Mariana, porque os telefones com seus números, indicam lugares maravilhosos para o sonho, a poesia, a diversão das artes...
A simples influência de Mariana, me proporcionou um mundo que eu hoje teria aproveitado até o sumo!
O meu telefone de hoje tem o número de Vargem Grande. E esse número não me trouxe sonhos, nem os artistas brasileiros, nem a estória da maravilhosa vida de Mariana.
Clarisse de Oliveira