Decidi decretar hoje o “Dia de Mim”. Amanhã talvez eu repita esse decreto, e depois, e depois!
Chega de pensar somente nos outros, o que eu ganho com isto?
Ah! Sim! Eu ganho frases.
— Nossa! Como ela é boazinha.
— Puxa Vida! Como ela é desprendida.
— Meu Deus! Isso é que é amiga (leia-se mãe, vizinha, irmã, filha, esposa e os cambaus!).
O que eu poderia fazer com estas frases tão meigas?
Talvez gravá-las em ouro? Ou prata? Quem sabe juntá-las e tentar vendê-las em um livro?
Será que alguém compraria?
Duvido!
De nada serve estas frases se, a única que desejo é esta:
Estou feliz!
E olha que a felicidade que almejo não é “aquela” felicidade, poderia ser uma “felicidadezinha” , já estaria ótimo.
Mas vou ganhá-la assim? Anulando-me em prol dos outros?
Respondendo sempre educadamente, dizendo sempre “sim”.
Chega de sim, quero os “não”, “porém”, “talvez”, “quem sabe”.
Chegando o fim do ano essas coisas começam a bater na cachola:
Felicidade, felicidade, felicidade!
Mas que diabos é essa felicidade?
Talvez pra mim felicidade seja:
Me deitar a tarde;
Ouvir “Enya”;
Barulho de chuva;
Beijo de filho;
Cafuné de amiga ou amigo;
Uma ligação inesperada cheia de saudade;
Um vestido novo que me deixe bem magrinha;
Um sapato alto que me faça elegante;
Um cabelo arrumado;
Pensamentos de amor;
Coração explodindo de paixão;
Um café fresquinho;
Suco de abacaxi com hortelã;
“Mousse” de maracujá;
Uma viagem para um lugar distante;
Uma pescaria num dia quente;
Uma praia com os filhos ou
Uma lua com o namorado.
Tantas coisas, apenas poucas delas já seriam uma “felicidadona”.
E eu passo o dia aqui dizendo “sim”.
Oras! Chega, vou passear!
Vera Vilela