Não sei se por índole, e/ou osmose, sou uma pessoa que
respeita regras embora muitas vezes...bem, muitas vezes…enfim...
Não significa que eu dite regras, detesto! Não é
nada disso.
Vou começar tudo de novo.
Foi assim: queria, porque queria, fazer minha primeira crônica apolítica, ou melhor, à política.
Com esta minha intrínseca mania de regras não quis arriscar
meu texto a um vexame total!
Tratei de me assenhorear das regras. Aliás, de passagem,
gosto da expressão “assenhorear”. Dá um gosto de dona, não
dá?
Assim, antes de mais nada, fui conhecer as regras de um bom e saudável
cronicar. Qual o melhor tamanho? Primeira ou segunda pessoa? Discurso direto
ou indireto? Metáforas? Ou olho no olho? Caramba! Difícil
segurar a língua (a minha, inclusive).
Fiquei um tanto ou quanto frustrada! Alguém me disse que a crônica
tem morte certa e contada, é efémera, um momento que passa
e se esvai. Pode até ser um texto substancioso mas não sustenta
o apetite do leitor nos anos vindouros. Quando muito, serve como uma recordação
literária dos velhos tempos.
Enfim: crônica caduca. Tanto suor e esforço para
caducar? Será que a verdade caduca? Hummm….
Bem… regras são regras. O Brasil não é o rei da
cocada preta das regras? Código daqui e dali? E o número
de Leis, Decretos, Resoluções, etc, etc.? Nossa!!!
Engraçado… quando pensei na caducidade da crônica fiz
uma correlação com os Códigos e Leis. Demoram tanto
a ser aprovados que, quando são homologados… já caducaram.
Reminiscências legislativas, adornos de bibliotecas. E mesmo como
enfeites... sei não!
Todos os Códigos deveriam ter como capa um coturno É
assim, mais ou menos, que funcionam: lá dentro tudo perfeito mas,
cá fora, um pé no traseiro, sob a tarja do dever de ofício
e lealdade. Caramba, o que se evoca em nome de uma unidade!
Paradoxalmente, liberdade pode aprisionar, notadamente quando ela é
singular. É preciso muito estofo para o singular, muita coerência,
muita coragem.
Bem. Nesses casos certos Códigos ajudam pra caramba! Principalmente
de Partidos Políticos, né? “Eu!!? Ora, não sou eu!!
É ele, o Código. Sigo regras”, respondem, democraticamente.
Ora bolas! Uma unidade que desagrega porque não respeita uma
individualidade?
Pergunto agora: o ovo ou a galinha?
A coerência de atitudes, a lealdade com os princípios
que elevaram um ser a um determinado posto não podem ferir, jamais,
“códigos de ética”. Não se pode punir a coragem de
ser livre. É um vôo impossível de ser castrado, ainda
que sob a capa hipócrita de uma suposta fidelidade partidária.
Sandra Falcone