Deslumbro-me sempre com os lilases dos jacarandás em flor!
Tenho um na minha calçada que sobreviveu a todas investidas
de derrubadas pelos caminhões e carros que fazem voltas defronte
a minha casa porque eu
coloquei uma pedra no meio fio quando ele ainda era um pequeno arbusto,
agora, carinhosamente, ele me oferta tapetes em lilases a cada dia.
Há, também uma sinimpituba muito alta que dá cachopas
amarelas. Então, na primavera, todas as manhãs acordo com
miriades de flores na calçada e o meu
pensamento voa além, muito além do nosso lago dourado.
Ano passado não fui à Feira do Livro. Por que não
fui? São tantas as razões que eu me perderia em enumerá-las,
mas a mais importante é que eu não encontraria certo Lord
Byron que há tempos atrás enchia de sonhos minha vida e era
entre as aléias lilases da praça que eu o encontrava numa
pausa de um silêncio cúmplice mas pleno de significados que
fazia-me sorrir plena de felicidade e voltar para casa com a sensação
de que havia me deparado com a magia do Instante...
Não, não fui à feira do livro para aproveitar
as ofertas dos balaios. São tantos os livros que tenho, ainda não
lidos, que confesso precisar de tempo e tranqüilidade para voar nas
páginas dos que já estão nas minhas estantes.
Acontece que sou inquieta e sempre invento outras atividades artísticas
para tomar meu tempo, assim vou levando a vida antes que ela passe por
mim .
No entanto, tenho lido com prazer novos escritores que me enviam seus
textos pela Internet e descobri alguns talentos dignos de serem descobertos
e divulgados e espero sinceramente que Deus os ajude a alcançar
seus sonhos.
Mas revi na NET os belos lilases da praça e recordei um distante
final de manhã ensolarada em que encontrei alguém muito especial
para o meu coração.
De repente, ruídos desviaram minha atenção para
a janela: tamborilavam nas vidraças pingos de chuva e ouvi nitidamente
Tristesse de Chopin ressoando
num piano qualquer, acho que na minha imaginação, talvez
uma certa nostalgia ou saudades de você....
Tenini