Não importa se as fotos de Juliana Paes foram tratadas pelo Photoshop. A galera masculina gostou também do original mostrado pela Internet, enquanto as mulheres vibraram com as celulites e as manchas na pele fotografadas no corpo da modelo. Já no mundo Fantástico da tevê os criadores cibernéticos da apresentadora Eva colocaram algumas ditas imperfeições para aproximá-la do real.
E aonde nos levará essa procura pelo ideal da imagem construída entre o mundo real e o virtual? Existiria esse ideal, ou seriam vários ideais, dos deuses e deusas do novo Olimpo, metamorfoseados em algum ponto entre estes dois universos e difundidos por todas as mídias onde realimentam no mercado de consumo nossos desejos, fascínios e tesões ?
A construção deste ideal tem suas origens na mitologia grega, onde deusas e deuses seduziam e eram seduzidos a todo o momento em situações que se assemelham ao nosso dia-a-dia folhetinesco. Para distrair a sua esposa Hera, enquanto dava suas escapadas extraconjugais Zeus contratou a ninfa e tagarela Eco que tentou seduzir Narciso, mas que acabou enfeitiçada pela esposa traída, passando apenas a repetir eternamente o que os outros diziam.
Outros imbróglios rolaram no horário nobre grego como o amor de Eros por Psique, a filha mais jovem e bela de um rei que causava inveja à Afrodite, outra bela deusa que alimentava os sonhos extraconjugais dos homens e era retratada quase sempre como uma mulher fatal, dando o contra-ponto necessário ao equilíbrio do casamento.
Na Idade Média as mulheres fatais eram as perigosas náiades ou as ninfas das águas que fascinavam os cavaleiros errantes e os desgraçavam até a morte. Neste processo o homem construiu sempre para si o papel de vítima transferindo toda a culpa de suas traições para as mulheres fatais que aparecem durante toda a civilização ocidental e há quem as vê até nas histórias de Wall Disney.
Tudo está se ajustando e até as agências de publicidade descobrem que pintinhas, manchinhas e porque não algumas pequenas celulites, são imperfeições das atuais deusas que continuam alimentando nossos fetiches e gerando lucros. Bendita hora então que a apresentadora Angélica soube tirar proveito de sua bela pinta nas coxas.
A procura da perfeição da imagem sempre alimentou nossos sonhos. Antes da fotografia os retoques eram dados na tela pelo pintor ou por seus ajudantes que escondiam as imperfeições dos retratados, geralmente personagens bem sucedidos das nobrezas e burguesias ascendentes. Com o advento da fotografia o barato era retocar a cliente no negativo, utilizando o nanquim. Os fotógrafos mais criativos pintavam seus negativos dando um realce colorido às suas fotos. Algumas vezes as fotos eram ampliadas e pintadas com aquarela.
Agora Zeus será você que em breve poderá construir a sua amante Afrodite, com ou sem a bunda da Keely Key ou o seu Apolo saradão e colocá-los na sua agenda do yahoo para eles lembrarem daquela reunião de trabalho ou da ida ao dentista.
Luiz Carlos Pires