Cordialidade

Muito se fala em desarmamento civil. Discute-se os prós, contras e há os em cima do muro (atirando para qualquer lado).

Em contrapartida, pouco se pratica de civilidade. Especialmente aqui, Terra Brasilis, do samba, suor (se não suar, melhor), caipirinha: o país das maravilhas (Ilha da Fantasia? também, mas deixarei Tatoo para outro texto).

Alice, se caísse neste buraco, seria atropelada por coelhos com pressa de se dar bem, passando por cima de tudo e todos. Informação? Só se for errada ou de um mau-humor que dá dó. De chapeleiros malucos, aqui está assim ó! Rainhas loucas e reis também, porque aqui, neste conto do vigário, vale tudo.

"Quem sou eu? Ah! esta é a grande confusão". Pobre Alice, o caos é mais embaixo e se instaura no berço. Logo ali, entre o papai e a mamãe estressados. Bem no quarto ao lado. Desconfie do sorriso do gato: chore fora de hora, faça manha para ver se não lhe cortam a cabeça, pequena Alice. E cresça, aprendendo a defender-se a tapas e gritos. É, parece que vence aquele que derrubar o oponente no berro (urro e arma). Não foi assim que te ensinaram através do espelho?

Tudo isso é floreio, só para que você leia e identifique seu papel nesse manicômio urbano que vivemos.

Uma atitude impensada, ainda que armada só de palavras, irá gerar violência. Causa e efeito, é assim que funciona. Desrespeito, a famosa Lei de Gerson, furar fila, infrações de trânsito...incontáveis exemplos, alguns pequeninos (quem não comete?), verdadeiros exterminadores do futuro. O nosso: meu, seu, do vizinho, daquele cara que não tem nada com o assunto e acaba pagando o pato, até dos terminatorzinhos que estão sendo gerados neste exato momento. E de Alice, que dormiu na relva e descobriu um mundo novo. Sonho?

Evite dar armas de brinquedo a seu filho. Dê livros. Aventuras De Alice No País das Maravilhas (Lewis Carroll), por exemplo. E ensine-o, desde cedo, através de seus exemplos, as palavras-bandeira-branca-que-abrem-passagem-erigem-trincheiras-detonam-o-inimigo (assim, tudo juntinho para fixar melhor): obrigada, com licença, desculpe, não há de quê.

Por favor.

Valéria Tarelho

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