(atentem para o detalhe da orelha...)

AVENTURA NO CINEMA (Tudo real!! )


Primeiro capítulo

Inventei de ir ao cinema com o meu Rafael, para brindar o fim das férias já que ele iria viajar. Pensei, adoro cinema, nunca mais fui, vou levá-lo para assistir ao Senhor dos Anéis. Realmente eu até curto mais que ele, cinema desse tipo. Me preparei toda o dia inteiro, até o óculos para longe que nunca assumo precisar coloquei na bolsa. Passei o dia falando: Hoje nós vamos para o cinemaaa! Hoje nós vamos para o cinemaa! E ele me olhava com aquela cara linda dele e tenho certeza que pensava: Minha mãe deve estar ficando retardada de vez! O cinema fica num shoping perto da minha casa, e chegamos lá meia hora antes de começar. O filme tinha três hora e meia de duração. Cheguei mais alegre que ele, e fomos comprar chicletes e estas coisas. Quando entrei na lojinha eu disse para a moça: Quero duas cestinhas uma pra mim, e outra para o meu filho, pois hoje eu tenho doze anos! Meu filho deu um sorriso estranho, acho que ele pensou que eu tinha enlouquecido de vez. Mas juro amigos, eu estava feliz! Nada podia dar errado. Comprei tudo que eu gostava de comer e fiquei pensando na pipoca dentro do cinema que eu amo! Comecei a sentir mesmo que eu tinha doze anos e o Rafael era o meu pai! Não sabia eu o que estava para acontecer. Eu queria naquele dia fazer o meu doce filho se divertir com a mãe de 50 anos, e que ele sentisse que eu era jovem e disposta! Chegamos para comprar a entrada do cinema, faltavam ainda quinze minutos para o filme, tudo perfeito! Foi aí que o meu mundo desmoronou. A moça com cara de * c chupando limão disse: Ele tem quantos anos? Eu respondi:Treze. Ela falou: kd o documento? Só entra com documento, ou certidão de nascimento! Adiantava eu dizer que ele saiu de dentro de mim e que poeta não mente?? Meu mundo caiu... Olhei para o Rafa, os olhos azuis dele ficaram da cor da tristeza. Eu pensei rápido! Vou ligar pra casa e pedir ao Paulo para trazer a certidão dele, que por sorte estava fácil de achar pois ele iria precisar dela para viajar no outro dia. Disse para o Rafa: — Meu filho, tudo vai dar certo... temos quinze minutos, sua mãe vai resolver. Pensei com meus botões..... Que merda! Ser mãe! Quase morri quando lembrei que não trouxe o celular. Fui na lojinha aonde tinha feito amizade, pois falo pelos calcanhares e pedi pra ligar. Rafael suava a mão... e eu o coração. Fim do primeiro capítulo. não percam o segundo as coisas ainda vão piorar.... rsrsr

Segundo capítulo

Decidi telefonar da lojinha, quando foi grande a minha surpresa! O meu filho David que estava em casa, me disse que seu carro estava na oficina, e não tinha como deixar.... Eu desliguei querendo matar a humanidade e tomei uma decisão enquanto o Rafa estava agoniado me olhando como se eu fosse o último milagre do mundo! Eu disse: Meu filho vamos ter que voar e voltar em casa...Vc vai ver como eu vou dirigir bem e essa aventura vai ser ótima, tudo que é bom precisa de muita confusão.... VAMOS!  Ele saiu comigo, nervoso, descemos correndo, elevador cheio, silêncio absoluto. E ele me olhava incrivelmente confiante, e eu rezei pra chegar a tempo. Elevador durou uma eternidade e meia e eu tinha quinze minutos... Entramos finalmente no carro, e saí em disparada, pagamos o subsolo, e irrompi pelas rua.......voandooooooooooo! Rafel me olhava espantada, eu sou uma tartaruga dirigindo. Sinais fechados, tempo passando.... e os olhos dele em mim! Eu não poderia decepciona-lo...Não naquele dia, não diante daqueles olhos... Cheguei! David já estava embaixo com a droga da certidão! Voltei voando.... costurando entre um carro e outro... e o meu Rafa dizia: Não vai dar tempo! E eu falava: Vai dar sim! O cinema nem está cheio, e vai dar certo! Posso confessar, estava com medo e com vontade de chorar! Chegamos! graças a Deus!!! Subimos correndo! Elevador foi bondoso, chegou logo............. e fomos direto com o coração nas mãos ao cinema. Compramos a merda do ingresso, entramos, apresentei ao gerente , com cara de serial Killer e perguntei: tá começando?? Ele respondeu: Não... faltam 5 minutos... Eu descansei a alma, como Silvane que sou, já comecei a brincar e a voltar a curtir o filme, com doze anos outra vez... Já tinha esquecido tudo!!! Agora iria dar certo! Os olhinhos dele ainda estavam cismados, pois ele tem um gênio dos infernos, mas tendiam a melhorar! Eu tinha tempo até pra comprar pipocas! Oba! Eu disse. — Oba!! Vamos comprar a pipoca! Ele quis também, e eu pedi a moça: — Eu quero a maior que existe.... e era imensaaaaaaa!!! Eu precisava dessa alegria, eu merecia! O saco maior que meu tronco era o troféu da corrida ao cinema. Segurei-o feliz.... e o derrubei-o todo no momento seguinte. Rafa olhou pra mim, e para o chão do cinema chiquérrimo e disse: Pô mãe tu não acerta uma! E ia se abaixar para pegar as pipocas e a minha dignidade quando a santa moça disse que dava outra. Entramos no cinema, eu quase triste, rezando por um sorriso dele, para fazê-lo feliz.... Sentamos, e acreditem amigos, ao colocar a pipoca ao lado da cadeira, o diabólico sacão dos infernos caiu outra vez dessa vez sobre mim. Mas foi só a metade, mas o Rafael me fuzilou... e eu me senti do tamanho de alguma pulga do cinema, se é que existia alguma depois da confusão que eu fiz. Sentamos direito, me organizei... Foi ai que eu lembrei de algo e gelei!

Último capítulo da trilogia

Na escuridão do cinema e com quase tudo calmo, descobri que estava cega!!. Os óculos não estava em minha bolsa. Na confusão de pagar o homem do subsolo para buscar a tal certidão, lembro-me de tira-lo e deixar no banco quando estava procurando trocados para pagar o tiquet do estacionamento. Olhei o Rafa, estava sentadinho quase calmo, e o filme prestes a começar, passando trillhers. Eu pensei: Eu não vou ficar cega durante três horas e meia, não mesmo. Logo um filme como esse que eu amo, o ultimo da trilogia (Senhor dos anéis). Numa súbita coragem falei como quem não quer nada. — Rafael.... Ele respondeu: — O que foi agora? — Eu vou sair e volto já. Ele perguntou já nervoso. — O que vc vai fazer? Numa sucessão de lembranças em um segundo veio-me a cabeça que o Rafa ficou perdido nos EUA na nossa ultima viagem durante meia hora, e quando o achei estava nos braços de uma negra forte, policial, aos berros e desde lá odeia ficar sozinho até hoje. — Eu esqueci os óculos no carro....Vou buscar e volto em dois segundos. Não tem muita gente no cinema e eu te encontro, tá? (Coração estava nas mãos) — Mãe, a gente vai sentar lá na frente! — Não meu filho, eunão gosto, fico tonta... volto logo... Mas se vc estiver preocupado eu fico assim mesmo... Ele retrucou: Vai! Vai! Ave Maria!! Respirei fundo, sai tateando e voei para fora da sala. Lá fora falei com o serial killer que voltava já e que ele deixasse eu retornar. Ele respondeu: Não tem problema Senhora... Pensei que ele nem sabe que escapou de morrer, se tivesse respondido outra coisa; corri para o elevador, o estacionamento era por nome de país, eu me perco sempre neste shopping, Rafael é que me orienta, mas eu não iria errar. Fui andando correndo, droga de salto alto... Da próxima vez  eu venho vestida para triaton, é melhor... Deu vontade de chorar, logo eu que queria passar para o Rafa que eu era uma mãe especial, cinquentona, mas jovem!! Arre que dia! Elevador parando em todo lugar, e eu nervosa,finalmente cheguei no carro, o abri, vi o desgraçado no banco o peguei. Corri de volta, rezando pra não ter taquicardia, pois se começasse essa droga nem o Senhor dos anéis me distrairia.... Ah vida ingrata, será que sou azarada!? Cheguei no cinema, serial killer me recebeu, notei um sorriso irônico nele, pensei com meus botões na volta eu ainda dou uma rasteira nesse baixinho... Entrei no cinema.............. Escuridão...... Aonde está meu filho? Pobre filho... só queria assistir ao filme.... Que aventura.... Esperei como não sou burra, a cena clarear... E o ví! Achei-o! Graças! Meu filho adorado... cabecinha levantada e mãozinha acenando... devia estar fazendo isso desde que a louca aqui irrompeu na sala... Fui orgulhosa ao seu encontro. Foi aí que eu caí desastrosamente no colo de alguém, pois havia um filho da P de um degrau mais baixo ao sair do corredor para as fileiras das cadeiras. E caí no colo de um homem gordinho, fiquei gelada de susto e encabulada. Aquela doida se organizando entre as pernas do tal gordo. Me levantei rápido e disse um pouco alto... — Perdão! Perdão! Não brigue comigo pois hoje eu estou com doze anos! Algumas pessoa riram... Esperei chegar perto do Rafa e vê-lo com aquele olhar de ódio. Sentei, disfarcei a gafe da queda, não olhei para ele, peguei a pipoca, fingi estar bem.... Quando uma mãozinha me fez um afago, coisa inédita! E vinha do Rafa. E ele falou — Tá tudo bem mãe... E depois de um segundo, ele completou olhando para mim com aqueles olhinhos azuis que eu amo... . — Mãe... tu é muito engraçada.... E sorriu baixinho... Ah.... E o céu se abriu dentro do cinema, as cores estavam lindas, o filme maravilhoso! E mesmo que se passassem 50 anos, ele nunca esqueceria desse dia. E eu entendi, o motivo de tanta confusão, houve ajuda de anjinhos danados, contribuindo para que o dia fosse eterno na memória do meu filho... É.. foi isso... Um dia de cinema inesquecível!  Olhei-o com o canto do olho, ele sonhava entre pipocas, e dizendo pra mim todos os nomes estranhos dos personagens do filme que já sabia decorado. Falava comigo como se eu tivesse doze anos. Que bom ! Ah se ele soubesse, que o filme mais espetacular estava ao lado dele, o meu amor. E toda a aventura e dor que eu passei para fazê-lo feliz, o Senhor dos anéis perdia pra mim!  Ah como amo  esse menino!!

Silvane Sabóia

« Voltar