NA  MARCA  DO  PÊNALTE

Tiago, de 16 anos, estava namorando Carolina, de 15.
No dia em que o garoto foi pedir o consentimento ao pai dela para namorar em casa, o "velho" foi taxativo.
— Preste bem a atenção, rapazinho!  Carol é muito nova e quero que tenha bastante juízo com ela! E tem mais: exijo que respeite a minha casa e as regras do jogo! A primeira falta sua lhe darei um cartão amarelo e se precisar, não pensarei duas vezes; darei cartão vermelho! Entendeu?
— Entendi, sim senhor.
O jogo, digo, o namoro corria tranqüilo até que, numa noite dessas, a vizinha gritou:
— Socorro! Ajudem-me! Mamãe desmaiou!
Os pais de Carol saíram, apressadamente, pela porta dos fundos, deixando os "aborrecentes" namorando sozinhos, na varanda.
Mais tarde, depois de despacharem a idosa para o hospital, exclamaram juntos:
— Nossa Senhora! Esquecemos das crianças!!!
E voltaram do mesmo jeito que foram.
Ao entrarem na sala, o genitor parou petrificado diante de uma falta gravíssima. O casalzinho estava no chão, sobre o tapete, na hora de marcar um gol em condição irregular.
O "árbitro", pasmo, tentou anular a jogada, mas perdeu o apito, digo, a voz e só conseguiu fazer o gesto de expulsão de campo.
Apavorado com o cartão vermelho que estava prestes a receber, o "atacante" levantou-se do "gramado", completamente cego, debatendo-se na área, sem encontrar a saída.
Diante desse ri-fi-fi, causado pela interrupção brusca da partida, Carolina refugiou-se no vestiário.


Anna Célia Dias Curtinhas

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