Derridianas
Naquele entre-lugar, em tomo de Derrida, falava-se.
Ele, em frente ao palco, deixava-se convencer de que citava-se outros, pois sabia-se morto desde que escrevera. "Eu perco minha assinatura no momento em que eu assino". À cada morte nossa, deixamos marcas no corpo do texto.
O leve roçar de idéias, pontas de dedos que esbarram em outra pele, o humainisme -humanidade de mãos que se dão, que deixam ir os anéis com esperança de que o calor do outro permaneça sobre a pele.
O perdão imerecido: Martin não dedica mais nada a Bertrand - as mãos que não mais se tocam por estupidez.
Mas é possível amar sem espera? Mas em que línguas recito minha mesma dor? Doar-se na in-condição?
Conjugar o incondicional é margear o impossível.
"O que traumatiza, é mais o impossível que pode acontecer que o impossível que já veio"
No elevador, o vento de máquina despenteia os cabelos brancos do filósofo. O espelho olha e eles sorriem.
Maria Clara da Silva Ramos Carneiro