PARADA GAY
A discussão esclarece e faz questionar preconceitos antigos. Este movimento, sem sombra de dúvida, é importantíssimo para se conversar na escola, bares e na sala de jantar. Deve-se levá-la a sério e não a transformar num segundo carnaval, que em quatro dias, não há diferenças de classe social; todos curtem e depois cada um retorna as suas respectivas casas, continuando a manter os mesmos preconceitos sociais, étnicos e sexuais.
Vi na TV um apresentador, homossexual assumido, dizendo que quando estava na Parada Gay, "as senhorinhas" o paparicava, falando que ele era maravilhoso. Porém, se ele fosse desconhecido e filho destas "senhorinhas", elas iriam lhe dizer a mesma coisa? Lógico, que há pessoas sinceras e com a cabeça boa; não se pode generalizar, contudo, devemos analisar bem e não só ficar diante da TV, para depois repetir que nem papagaio, o que mídia divulga. Tem que assimilar as notícias e formar a própria opinião.
O medo e a idéia de sobrevivência formam o preconceito, que faz parte do ser humano. Em várias sociedades há este sentimento em ralação ao outro. Logo, devemos praticar o exercício da tolerância; colocar para fora os nossos medos e estereótipos, que formamos desde pequenos e que até nos antecede por gerações.
Outro fato que gostaria de expor: o indivíduo conservador e hipócrita é ruim à sociedade, mas o pseudo-liberal, pior ainda; pelo menos o primeiro diz o que acha o que pensa, provocando uma dialética; já o segundo, fala bonito, evitando debates. No Brasil, por muitos anos, se dizia que era um país sem preconceitos, a tranqüilidade reinava devido a tolerância entre o povo brsileiro. Com o tempo, essa idéia caiu por terra, mostrando que aqui existe muito preconceito. Não adianta escondê-lo, tem que assumir o seu preconceito e tentar jogá-lo( como diz brilhantemente uma campanha publicitária) fora de sua vida e do pensamento. Não adiante ir à manifestação, para se divertir com as figuras exóticas dos travestis ou dos transformistas, mas refletir sobre o diferente.
Aí, é que vale a pena ir à Parada Gay, para renovar as idéias e as atitudes, transformando-se numa nova pessoa e num cidadão consciente.
Eduardo Oliveira Freire