PSPP UMA NOVA OPÇÃO DE PARTIDO – 2006
(Crônica de Stanislaw Ponte-Preta psicografada pelo Dr. Carlos Alberto Pessoa Rosa)
Dotô, isto tudo está uma festa de mexerica, um zabumba – Osvaldo corrija se o fruto for com ch e aproveita para ver se é um ou uma zabumba. Do Federal ao Municipal. Se foi feijão com arroz para conseguir voto e santinho para ligar o malandro engilhado com o santo, o entrão quer o dotô como Madre Tereza. Todo mundo dá uma de Sued e depois quer um naco de honestidade. Aquela coisa da tia Zulmira, sempre colocando o rostinho ao lado do fotografado. Nadaconada. Tia Zulmira e os políticos. O quarteto desafinado, que de genuíno não tem nada, atuam como o Zé do Oficina, entendem de banco como de mercado, e nadam como lulas, pensam que estão nadando de braçada, carrapato oportunista, na verdade, um bangalafumenga. Manipulador do dólar alheio. Mas daqui tudo se vê. O Clóvis, com todo seu realismo que sarcástico não tem nada, me acordou cedo, hoje, dotô, não suporta o cheiro de macaco molhado – nada a ver com o Simão. O passaralho tá solto, diz. Aumentam os que recolhem a chepa para fazer um caldo. Não concorda em fechar o legislativo. É golpe!, vai logo dizendo. Sei do lado democrático do moço. Está mais para um edil sem salário. Controle rígido da justiça. Mas... Na terrinha tudo se resolve no câmbio. No depol só os inocentes úteis, os alimentadores da casa.
Pra tia Zulmira nada tá tão horrorível assim. Fã do mindinho do chefe e do ar sacana do chefe. O chefe simbólico faz gênero hippi-chic, desligado de tudo. Saudade do Sarney, fina flor da academia. O Osvaldinho acha que devemos aproveitar o zumzumzum – Ô das letras, tá certo? Consultamos o homem do martelo. Aqui ele é a única lei. Sem bisurar, entramos naquela de território abandonado, Brasil esquecido por Deus... Quem sabe, uma mãozinha santa... Algum metido a Ogum falou. Se pegá! O poderoso olhou de cima para baixo, disfarçou a magnólia, arriscou um sorriso, e resolveu fazer uma fezinha nos santos que mesmo no céu a barra está pesada demais. Nos deu a rapadura.
A idéia que o dotô teve é boa, um elogio a minha pessoa. PSPP. O pessoal aqui, com finesse, caiu na gozação. Partido Stanislaw Ponte-Preta. Homenagem ao Sérgio Porto. Vamos acabar com a baitolagem que assunto não é pro da cerveja – pode deixar assim Osvaldo, como cronista eu assumo. Partido Socialista Popular Paladino. Os adeptos terão que comprovar valor e correção antes e depois de eleitos. Sem champanhota ou charuto cubano. Se o dotô ou o Rossi quiser acrescentar ou tirar... No partido será proibido o uso de máscara, ser adepto do artigo 12, tratar eleitor com bilubilu ou cesta básica, bimbar com baronesa no palanque ou ser comedor de hóstia. Nada de selinho ou ceroto. Encarar o eleitorado na cara, sem entortar ainda mais a cabeça do povo com sambariloves e potocas. Nada de nomes fictícios como Artur da Távola Redonda, Jorge Bushe, Gime Carter ou Ivã Nhoé... De pronada, o Brasil está cheio...
Faltam as assinaturas dotô, conseguir simpatizantes é com você. Pode sugerir ao Rossi que a imprensa sempre ajuda. A lista ficará nas ruas no horário de trabalho... Sem risos, que começar um partido assim vai dar funaré.
Dicionário auxiliar: Artigo 12: tráfico de drogas; Baitolagem: brincadeira; Bangalafumenga: pessoa sem expressão; Bisurar: falar mal da vida alheia; Ceroto: sujeira; Chepa: resto de feira; Disfarça a magnólia: olha pro outro lado; Engilhado: encolhido; Feijão com arroz: rotina; Festa da mexerica: bagunça; Funaré: confusão; Hippi-chic: desligado; Nadando de braçada: correr para o sucesso; o da cerveja: corrupto; Potocas: mentiras; Pronada: programa nacional do nada; Sambarilove: falso; Selinho: virgindade; Zabumba: bagunça. Dicionário de Gíria, Serra e Gurgel, J.B., SQS, 302 Bloco B – Ap. 403 – 70330-038 – Brasília – DF.
II.
Crônica De Stanislaw Ponte Preta Psicografada Pelo Doutor Carlos Alberto Pessoa Rosa
Dos ratos, mamífero roedor, gênero murídeo, com seus molares cuspidados, o mais conhecido é o Rattus rattus, o rato preto, transmissor de doenças e que aqui no Brasil, talvez pelo calor tropical, sofreu mutações várias, predominando cada variante da espécie em hábitat próprio. Caso o IBGE se interessasse pelo assunto, provavelmente verificaria uma distribuição geográfica bem particular para cada tipo, o que permitiria uma ação sanitária mais eficaz. Mas nossos homens públicos, atacados por parasitas intestinais, não demonstram vontade política para que isso aconteça. Por outro lado, a tarefa não seria nada fácil, demandaria um preparo muito grande de pessoal, tendo em vista as mutações que ao longo da história da humanidade foram transformando a aparência desses pequenos animais. Muitos perderam as cúspides dispostas em paliçada e que tão bem caracterizavam os focinhos deles; alguns aprenderam a falar, outros deixaram os esgotos e assumiram cargos eletivos e, pasmem, invadiram associações sérias, hospitais e até igrejas. Os disfarces são tantos que neste exato momento utilizo uma de suas formas para escrever no computador.
Algumas transformações foram para melhor, é certo. É o caso do rato de biblioteca, já incluído, pelo reconhecimento, no Aurélio como “rato-de-biblioteca”. Aqueles que imaginam que o nome fora escolhido pela preferência alimentar desses animais por livros acadêmicos ou por fazerem o ninho no calor do conhecimento caem na armadilha do ditado popular que diz “o hábito faz o monge”. Na verdade, a alimentação dessa espécie em muito se assemelha àquela dos humanos; eles também dormem em camas confortáveis, usam óculos de lente grossa e adoram filosofia.
Infelizmente, o acaso genético nos contemplou com muito mais mutações inadequadas, oferecendo-nos uma lista infinita de possibilidades. Quem não ouviu falar do rato de hotel, rato de praia, rato de sacristia, rato de política, rato de imprensa, rato de festas, e do sempre atual rato de congresso? Arrisco a dizer que já existe o rato de poesia. De qualquer modo a ciência classifica as novas espécies de Rattus homini – Oswaldo, vê no dicionário de latim se está correta a forma homini! — pela semelhança física com os humanos, mas comportamento mais próximo de seus ancestrais roedores – à exceção dos ratos de biblioteca.
Para complicar qualquer interesse em se levantar a situação distributiva desses animais, os humanos, fruto de interferência ambiental, também sofreram mutações, alguns assumindo inclusive a roupagem do Rattus rattus e suas variantes. Portanto, quando encontramos alguém defendendo uma lei, discursando no congresso, lutando por nossos direitos ou pelos direitos humanos, não saberemos, a não ser por uma análise de DNA, com quem estamos lidando.
Da gravidade da situação nos informa Stanislaw, grande professor de ética e antropologia, estudioso de genética histórica, ao afirmar que existem atualmente mais Homo rattus que Rattus homini; e muitos poucos Homo sapiens e Rattus bibliotecus. A gravidade é uma questão matemática. Muitos Homo rattus e Rattus homini, quase nada de Homo sapiens e Rattus bibliotecus. O leitor compreende as questões familiares, éticas, jurídicas e, por que não, estéticas que teremos de enfrentar. No meio acadêmico há quem diga que este é um problema típico da pós-modernidade, fato contestado por Stanislaw que exemplifica sua oposição, resgatando na história o genocídio étnico sofrido pelos índios ao acreditarem no Home rattus — ou Rattus homini? — que aqui aportaram há mais de quinhentos anos.
A questão possui particularidades regionais. Em Atibaia, terra do Zé Pedro, do Oswaldinho, do André Carneiro e do doutor, qualquer reclamação junto à prefeitura referente à presença de ratos na região central da cidade é logo retrucada pela mocinha de voz arrogante que informa serem os ratos da periferia mais nocivos que os do centro. Devemos deduzir, portanto, pela luminosidade da Cinderela, que existem dois novos tipos de roedores em Atibaia: os Rattus rattus centrali e os Rattus rattus perifericus (ou seriam, com todas as mutações ocorridas, Homo rattus centrali e Homo rattus perifericus?). Apesar da gritaria dos moradores, tanto do centro como da periferia — afinal rato é rato em qualquer lugar —, e do mato que toma conta da cidade dando proteção aos roedores, a fã incondicional da Hebe sonha com novas teorias biológicas.
Logicamente, o problema não é regional, o País todo sofre desse mal cuja raiz nem o enviado de Deus conseguiu cortar. Pois é, haja paciência e sofrimento — Oswaldinho, vê aí na classificação se Jó era um Rattus bibliotecus, um Homo sapiens ou um Homo burrus!?
Carlos Pessoa Rosa