Minhas tão sonhadas férias!

Como todo ano eu ainda tinha alguns dias de férias, os quais eu planejei tirar no final do ano, após aquela correria do natal, e alguns dias de janeiro do ano novo. Tudo ótimo, porém enfrentei o primeiro empecilho quando fui falar com meu chefe.

- Chefe, eu gostaria de sair de férias a partir do dia 27/12. - Falei tranqüila

- Veja bem! Estamos para fechar aquele projeto, então não sei se será possível. - Falou ele seriamente

Pensei "não acredito que isso está acontecendo comigo? Eu não estou mais agüentando!"

- Por favor, veja se é possível, porque eu estou realmente precisando de férias - disse eu desesperada

- Vou falar com o meu chefe e te retorno depois. - disse ele categórico

Bem, depois disso foi impossível tentar qualquer outra investida, afinal de contas ele não tinha culpa. Minha vida, então, passou para as mãos do chefe do chefe! Enquanto não decidiam o que seria das minhas tão sonhadas férias eu continuava trabalhando e fazendo planos.

Como conheço bem o meu marido, comecei a me preparar psicologicamente, pois a escolha do lugar ideal para passar as férias seria uma aventura, para não dizer uma tortura.

- Você já sabe se você vai poder sair de férias em dezembro? – Disse meu marido apreensivo.

- Não. Ainda não. Estou esperando. – Disse já um pouco tensa.

Eu tinha que esperar e ele também. Não adiantava perguntar todo dia. O chefe do chefe ainda não tinha decidido o que eu ia fazer: trabalhar ou descansar? Enquanto isso eu me preparava psicologicamente para decidir, juntamente com meu marido, aonde iríamos passar as férias.

- Alô

- Oi amor, meu chefe me liberou. – Disse eu entusiasmada.

- O quê? – disse meu marido ocupadíssimo do outro lado da linha

- É, meu chefe me liberou. Podemos sair de férias em dezembro!

No mesmo dia ao chegar em casa, me deparei com o meu marido cheio de novidades e aí começaram as fases, as quais eu havia me preparado psicologicamente:

Primeira fase: decidir aonde ir? Você já percebeu como é difícil decidir para onde ir quando você gostaria de ir para vários lugares, mas só tem uma semana? Eu queria conhecer Ilha Grande e devido ao meu estado de estresse elevado meu marido não iria me contrariar.

Segunda fase: escolher dentre aos tantos e-mails impressos, pelo meu marido, qual a melhor opção. Esta fase foi a pior, dentre tantas variedades...praia, campo, café da manhã, meia pensão, pensão completa, banheira, hidromassagem, preço, etc. Ai, que estresse! Depois de passar e repassar todos os e-mails, todas as revistas de viagem que, apropriadamente, temos guardadas em casa e navegar em alguns sites, chegamos a conclusão que o melhor para os dois seria um local para descansarmos! Ufa! Metade da corrida estava ganha! Agora faltava decidir qual era este lugar encantado! Vamos lá! Passar e repassar novamente os e-mails, pois era certo que dentre eles teria uma opção agradável para os dois. Não foi suficiente. Vamos aos sites! Agora sim! Já sabemos que será um hotel fazenda, uma pousada, ou outra hospedagem neste estilo. Com paz e tranqüilidade.

Terceira fase: Entre os e-mails e os sites selecionamos três deles. Ufa! Mais uma etapa vencida.

Quarta fase: Enviar e-mail para as pousadas escolhidas e aguardar, pois não sabíamos se teria vaga ou não para o período das nossas férias, principalmente por compreender a passagem do ano novo.

- E aí?

- O quê?

- Já responderam? – perguntei eu ansiosa

- Ainda não. Respondeu calmamente meu marido

Que agonia, depois de tanto tempo, enfim conseguimos decidir o que queríamos e agora nossas vidas estavam nas mãos de um endereço eletrônico!

- Oi, tudo bem?

- Tudo. E aí?

- Olha recebi algumas respostas. À noite a gente conversa.

Ai que estresse! Ainda tenho que esperar até a noite para conhecer o meu destino? Que crueldade!

- Onde você estava? – Perguntei eu nervosa.

- Na academia? Porque? – respondeu meu marido

- Porque eu quero saber sobre as férias? – respondi irritada

- Depois que você voltar da faculdade a gente conversa – Disse ele indo para a cozinha.

Ai, ai, ai! Meu estresse está aumentando! Eu quero outras férias!

Excelente, ótimo, maravilhoso, esplêndido, fantástico! Enfim, chegou o grande dia! Minhas férias! Decidimos, eu e meu marido, que realmente iríamos para o campo. Monte Verde. Hotelzinho fazenda, tudo tranqüilo, somente com o objetivo de descansar! Data para sair, carro revisado, hotel reservado, tudo combinado e acertado. Ops! Falta arrumar as malas!

As malas? Isso mesmo as malas. Afinal, não posso sair de casa com menos de... duas malas. Primeiro separar as roupas. Jogo-as em cima da cama para facilitar a garimpagem. Será que vai fazer frio, será que vai chover, será que vamos sair à noite? Calma! Tudo bem, então vou colocar na mala, camisetas, biquínis, moletom, e é claro, um pretinho básico – nunca se sabe! Só falta escolher os calçados que combinam com tudo isso. Dois tênis, duas sandálias e é claro uma sandália de salto alto para combinar com o pretinho básico. Você deve estar se perguntando: Mas pra que pretinho básico num hotel fazenda? – Eu também fiz essa pergunta, mas como não consegui responder, achei melhor levá-lo.

Até aí, já eram duas malas completas. Mas ainda faltam os cremes, protetores solares e itens de higiene pessoal.

- Amor, posso colocar algumas coisas na sua mala?

- S ão muitas coisas?

- Quase nada.

Seis frascos de protetor solar para o corpo, um frasco de protetor solar para o rosto, três potes de creme para o corpo, 1 bisnaga de creme para os pés, dois frascos de desodorante sem perfume, 1 frasco de óleo para o corpo, 1 frasco de espuma para banheira – afinal teríamos que aproveitar a banheira do hotel. Ah! Tem, também, os livros e as revistas!

- Você não acha que tem muita coisa?

- Imagina, amor. É melhor sobrar do que faltar!

Faltou! Faltou mala para colocar tanta coisa! Precisamos de mais uma mochila, porque meu marido resolveu levar algumas garrafas de vinho, aí não ia caber mesmo. Resultado: 4 malas, 1 mochila, 1 sacola, 1 porta terno – meu marido também levou uma camisa e uma calça básica - e mais a minha bolsa. Agora sim, tudo pronto.

No dia seguinte pegamos a estrada. Estava tudo bem até que o tempo começou a fechar bem na hora que pegamos a estrada de terra. Aí foi um tal de “Deus nos acuda!”. Entre buracos e desesperos chegamos! Demoramos mais tempo em 35 km de estrada de terra do que 145 km de asfalto. Mas isso não tem importância. O que importa é que chegamos e...que chuva, hem! A pousada era legal, mas o tempo não estava ajudando. Descarregamos a bagagem. O cara do hotel deve ter pensado “Que povo doido. Pra que tanta mala?”.

Como eu estava com muita fome, fomos pra cidade. Não sem antes meu marido perguntar ao “cara”:

- A estrada para a cidade é ruim?

- Não. Pode Ficar tranqüilo! É tudo asfalto.

Que alívio! Pois eu realmente estava com fome.

Chegamos à cidade, atravessamos o portal e eu pensei “Legal, vamos desbravar a cidade.”. Continuamos em linha reta mais ou menos uns 400 metros e a cidade acabou. Que decepção! Pensei “E agora? O que eu vou fazer aqui durante uma semana?”. “Bem deve ter outras coisas fora da cidade para conhecer.”

- Vamos almoçar o que?

O que não falta lá é restaurante. Essa rua principal só tem restaurante. Então o jeito é comer. Terminamos o almoço e retornamos ao chalé. A chuva continuava e já estava frio. Não estava muito frio, mas nós fingimos que estava bem frio e chamamos o “cara” para acender a lareira.

- Que maravilha!

- Que lugar delicioso!

Fomos dormir satisfeitos.

No dia seguinte acordamos tarde, quase nove horas, afinal estávamos de férias! Podíamos fazer isso! Estava um dia lindo! Com um sol maravilhoso. Nem parecia que havia chovido quase a noite inteira. Levantamos tomamos café, fomos para a piscina, conversamos, lemos, fomos para a cidade almoçar, voltamos para o chalé, piscina de novo, banheira de hidromassagem ao ar livre, sauna, banheira de novo....dormir. Perfeito

No outro dia, café da manhã, piscina, etc. e no outro dia... (ih!)

- Vamos pedir o jantar?

- Você não prefere almoçar na cidade?

- Não. Vamos pedir o jantar assim a gente muda um pouco a rotina. (ih!)

e no outro dia...”Ai, que estresse! Não agüento mais ficar parada. Preciso fazer alguma coisa”

- Amor, vamos sair um pouco?

- Sair?

- É. Vamos passear um pouco. Conhecer alguma coisa.

Fomos para a cidade e paramos para perguntar, no quiosque de informações, quais os passeios que podíamos fazer.

- Tem este passeio de 2 horas de caminhada! Mas o lugar é muito lindo

- O que???? 2 horas!

Já me vi toda queimada naquele sol de 35 graus que estava fazendo lá fora

- Dona, tem outro mais perto. 30minutos de caminhada.

Depois disso só me restava uma saída: voltar para a hidromassagem e relaxar!

Nilsa Maria de Souza

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