MULHERES GORDINHAS
Aleluia! As mulheres gordinhas estão conquistando mercado das modelos. Leio no jornal que há um movimento entre estilistas de moda nos Estados Unidos que busca valorizar as cheinhas. Não era sem tempo. As mulheres mais interessantes do planeta são as mais maduras, plenas em curvas. As magras e novinhas que me desculpem.
De acordo com a reportagem, a revista Vogue norte-americana, uma espécie de bíblia da moda, abriu espaços para modelos que excedem em muito o padrão vareta imposto pelos costureiros: 90 de busto, 60 de cintura e 90 de quadril. Isso é um marco na história do próprio magazine.
Há quem resista. Na matéria, um brasileiro azedo, dono de fábrica de jeans, argumenta em favor das moças-tábua: “você prefere vestir um bambu ou uma bola?”. Olha, quanto a vocês eu não sei. Eu prefiro admirar uma mulher. Mas essa não é a preocupação dele. Ele quer é vender roupas e, pelo jeito, mulher magra vende mais. Joguemos bola, então.
Na verdade, eu não entendo dessas coisas de moda, só de mulher bonita. E, para mim, mulher bonita é mulher bem servida. Que o diga a deliciosa Isabella Rosselini, que, hoje, declara arrependimento por ter feito propaganda de cosméticos que prometiam a beleza eterna. Belíssima, aliás, longe da propaganda e perto dos 50.
Nem quero mais discutir a injustiça dessa ditadura das medidas. Agora, fico na torcida para que a moda também mude os parâmetros por aqui, prestigiando os chamados “tamanhos grandes”. Pois o que a mulher brasileira tem de mais interessante não cabe nas roupas de passarela: são formas redondinhas, sensuais e exuberantes. Até para não ser injusto, a caminho do trabalho fiz um teste com meus interesses. Observei as mulheres na rua. As que mais interessaram não foram as magrinhas. Lamento pelos estilistas, mas as cheinhas chamam muito mais a atenção.
O Rio de Janeiro, por exemplo, é pródigo em mulheres cheias de curvas e orgulhosas de suas formas avantajadas. Nem precisa ir à praia. Dê uma volta pela cidade em um dia de semana. Verá mulheres interessantíssimas, gordinhas e lindas, desfilando suas medidas politicamente incorretas para os olhos daqueles que têm bom gosto e sensibilidade.
Ora, os idealistas da moda que se adaptem aos novos tempos. As gordinhas vão dominar o mundo. Especialmente as mulheres com mais de 30, senhoras de si, consumidoras competentes e matadoras implacáveis. Porque não existe nada mais gostoso do que receber de volta o olhar enternecido de uma gordinha que passa e é gulosamente admirada.
O fabricante de roupas que prefere vestir bambu (tem gosto para tudo) vai acabar cedendo e, tão logo a tendência de mercado seja significativa no país, fará roupas para bolinhas. E nós, os embevecidos fãs das mulheres cheinhas teremos mais gordinhas nas revistas dedicadas a mostrar o que é bonito. É só uma questão de tempo.
Maurício Cintrão