TEVE ACORDO
O tráfico de drogas movimenta 400 bilhões de dólares anuais e só perde para o petróleo e armas. Nesse grande negócio planetário, figuras como Fernandinho Beira Mar e Marcola são apenas os capitães de uma força tarefa que é acionada para o serviço sujo, quando os acertos lá de cima não se ajustam. Talvez tenha sido o caso de São Paulo ou você acredita que tudo foi paixão pela Seleção? O acordo proporcionou também uma acomodação de forças evitando que governo e oposição ficassem queimados na disputa presidencial. Então com a trégua eles podem adiar a discussão da segurança e acentuar nas suas plataformas o problema educacional.
Tinha que negociar sim senhor e tinha também de dizer para o grande público que não se negociou com os bandidos, até porque existem figuras que literalmente trafegam nos dois lados desse grande negócio. O cidadão comum tem de continuar acreditando que a sua segurança e o direito democrático estão garantidos pelas instituições. A capital financeira do país tem de continuar trabalhando e consumindo. Enquanto isso os governos correm atrás do tempo perdido, das gerações perdidas desde o milagre dos anos 70. Quem vier por aí fica sabendo no entanto que a dívida social é grande e talvez não haja mais cacife para se negociar no próximo levante.
Acreditar que o PCC é uma facção restrita ao universo carcerário e que ao contrário das facções cariocas não está preocupada com os negócios é uma grande ingenuidade. Drug business é business em qualquer lugar do mundo e não seria diferente em São Paulo. O que pode ter ocorrido foi um rearranjo sistêmico no segmento das drogas, provocado pelas mudanças políticas e pelo novo enfoque econômico e social na Venezuela, Bolívia e Colômbia, coincidentemente países envolvidos até a alma com o comércio do petróleo, das drogas e das armas. E botando um gás na paranóia não se descarta um dedo de El Comandante na trama maquiavélica.
Luiz Carlos Pires