TOURO QUE ERA, COQUEIRO QUE NÃO ERA..

Se é prá falá de virges, me alembro da bela-Emília, e digo logo que é pé, mas não é pé de bicho ou de muié. De modo que assim se trata de outra planta, que não é planta de pé. É um arbusto que dá florinhas de penca, tudo se parecendo com as azurzinhas das florinhas que tem nas roupas dos bebês.
Mas esse assunto é prá outra hora, que agora é hora de outro assunto, mais bestunto, que não é.
E não é que é, que o Chico-Bebe-Todas atravessava os pastos das fazendas, quando ia na cidade, no domingo, com sua roupa domingueira e botina rangedeira.
Ia na missa, passava nos botecos, de tarde olhava as muié-damas, dançava rumba no cabaré e voltava sempre de noitinha, pé lá e pé cá, pelos pastos, di a pé.
Numa segunda tava o Chico arrebentado, de bandagem a esparadrapo, e até um braço na tipóia.
— Chico, isso foi atropelo, né? Inté já disse que o tal do João-Bom-de-Volante um dia mata um de nóis com o fenemê.
— Mas que mané atropelo seu Zé? Num sabe o touro do Zé Garcia, que deu carrerão ni nóis, no dia de São José?
Pois é que é, eu ia pelo pasto, campo aberto, e olho que olho e lá vem dois touros, chifres prá baixo, endemoniados pro meu lado.
Corro de um lado pro outro e nada dos touros mané cansá.
Vejo então dois coqueiros que tem lá, e corro mais que os touros e aperreado escolho um dos coqueiros e fico lá...
— Já vi que não foi atropelo, né Chico?  mas foi a queda do coqueiro...
— Também não, meu cumpadre, foi mesmo touro de chifre.
— E ué! ... não subiu não no coqueiro?
— Pois é que é, tinha dois touros, e também dois coqueiros, como se vê tudo dobrado depois da cangibrina sem café. E aí foi que eu subi no coqueiro que não era, e o touro, que era o touro que era, me pegou... Tá vendo ocê o perigo que não é?...

Marco Bastos

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