DE OLHO NO SEU DINHEIRO
A época de festas de final de ano está chegando e já somos alvos desde agora dos comerciantes, ávidos em fisgar nosso parco 13º salário.
Como sempre, nos últimos meses do ano, somos inundados por anúncios, panfletos e toda a parafernália publicitária objetivando levar, nem que seja um tiquinho, de nosso abono de Natal.
Ao verificar a correspondência hoje, levei um susto: eu mal conseguia tirar tanta tranqueira de dentro da caixinha de correio. Se ao menos eu tivesse tanto dinheiro para gastar como eles pensam que eu tenho, estava bom.
Além das propagandas habituais ainda tem de quebra os mágicos oferecimentos de empréstimos por empresas desconhecidas que se proliferam pelo país. Não bastassem os próprios bancos a que somos “subordinados”.
Eles ficam nestes últimos meses do ano fisgando seus fregueses e depois passam metade do ano cobrando. Eu não sei o que dá mais lucro a eles: a venda ou as altas taxas de juros e inadimplências.
Acredito que a segunda opção é a mais certa, pois os juros cobrados daqueles que não conseguem quitar suas dívidas são muito superiores aos normais.
Se eu fosse aceitar todos os cartões de créditos que me são oferecidos diariamente eu poderia passar alguns anos apenas gastando por conta. E depois teria o resto da vida para negociar.
É assim que se ganha dinheiro hoje em dia, as grandes financiadoras, administradoras de cartões de créditos e os bancos, vivem de nossos juros e das altas tarifas bancárias que, acreditem, subiu nada mais nada menos que 50.000% de 2001 para cá (conforme informação do site Vida Econômica).
Enquanto os trabalhadores ralam o dia todo para ganhar seus vinténs, os bancos ganham dinheiro sem mexer uma palha, tudo o que você precisar em um deles é pago, e muito bem pago e o retorno é zero, quase sempre.
Gostaria que alguém relacionasse os benefícios que tem em seu banco, me diga um apenas um benefício, não cobrado, claro!
É através do banco que pagamos a famigerada CPMF – Contribuição PROVISÓRIA sobre Movimentação Financeira, portanto o banco é parceiro do governo na arrecadação. Acho que eles poderiam tirar o “P” da sigla porque de provisório esta contribuição nada tem, poderiam tirar também o “C” porque contribuição para mim é uma coisa optativa e não obrigatória, depois tirariam o “M” e o “F”, pois trabalhador não tem movimentação financeira, ele apenas saca seu salário e paga dívidas. A sigla então poderia ficar assim: AVCP - Ajuda Vitalícia aos Cofres Públicos, seria bem mais honesto afinal, ninguém sabe o destino de todo esse dinheiro. Podiam aproveitar e mudar o nome do IR – Imposto de Renda para IS – Imposto sobre Salário.
É melhor nem entrar nesse assunto de impostos porque no Brasil quem paga em dia mesmo seus impostos e taxas é apenas o trabalhador, que vê todo mês uma quantia absurda de seu salário ir embora sem ter a opção de pagar ou não, no resto, paga quem, quando e se quiser.
Se um dia não existir mais o trabalho vinculado, o país vai à falência.
E por essas e outras que é preciso tomar muito cuidado com esses assédios de final de ano, porque o 13º salário é, para nós, apenas um alívio e não uma renda extra.
Vera Vilela