FIM DE ANO
No dia 30 de dezembro, após muito tempo, parei pra assistir o telejornal, enquanto, em algum lugar da vizinhança, tinha lugar uma animada festa. De vez em quando, eu conseguia escutar um trecho da música que estava tocando...
O jornal era daquela mesma emissora que foi formalmente acusada de manter conta em um paraíso fiscal e que optou simplesmente por não desmentir nem dar qualquer satisfação.
(Podia ouvir Erasmo Carlos cantando "Pega na mentira": ...Pega na mentira. Corta o rabo dela, pisa em cima,bate nela...)
Tive a decepção de saber que determinada companhia aérea realmente praticou overbooking, vendendo mais passagens do que os assentos que tinha disponíveis, sem ter preparado um plano alternativo para atender seus clientes quando da manutenção de seis de seus aviões. O pior; a empresa foi considerada "culpada" mas não ouvi falar de qualquer multa ou punição.
(Gal Costa cantava "Pérola Negra": ...Tente passar pelo que estou passando.Tente apagar este teu novo engano...)
Vi um assassinato fantasiado de justiça, igualando juizes e julgados na insensatez do ato cometido, variando apenas na quantidade de vítimas, remetendo-nos ao tempo do olho por olho, dente por dente.
(João Bosco, "De frente pro crime": ...Tá lá o corpo estendido no chão...)
Assisti indignado os atos de barbárie ordenados por marginais que estão presos e, tecnicamente, protegidos de outros marginais.
Fiquei sabendo que o problema está no fortalecimento das "milícias" que teriam sido criadas inicialmente para combater o tráfico de drogas.
("Pesadelo" de Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro: ...Você vem me agarra, alguém vem me solta. Você vai na marra e ela um dia volta. E se a força é tua ela um dia é nossa... ...Que medo você tem de nós...)
Tremi quando ouvi certo presidente afirmar em entrevista que o governador do estado tinha total apoio da Presidência e podia contar com sua inteligência...
(Bezerra da Silva, "Pagode na casa do gago": ...Qui qui qui qui qui toma mais um limão...)
Finalizando, o jornal, não a festa - que rolou até altas horas, pudemos ouvir a gravação daquela singela mensagem de Natal gravada há alguns anos por um coral de crianças:
"Quero ver você não chorar, não olhar pra trás..."
O que posso dizer... Ante todas as atrocidades e injustiças que andam acontecendo, vamos torcer para que 2007 seja realmente melhor. Em todos os sentidos.
Sérgio Serra