O PREGADOR
Num domingo de manhã ele foi chegando... Parou no portão e começou a fazer a pregação. Meu pai chamou-me para ouvi-lo, porque estava sem paciência. O pregador exercia seu papel e eu o contestava ferozmente, a princípio para ser do contra e depois, porque era muito jovem. O pregador insistia:
– Mas está na Bíblia...
– Não acredito na Bíblia!
A fisionomia do pregador foi mudando. Fez-se neutra e seus olhos foram longe, envelhecendo sua aparência. Desistiu da pregação e esqueceu-se da minha pessoa.
Eu fiquei muito triste e abandonada. Queria tanto que ele me convencesse de uma verdade que fosse capaz de dar sentido a tudo, e eu estava ali, sem nada, tão vazia, tão abandonada e com a terrível sensação de ter sido estúpida.
Djanira Pio