A comédia da vida naufragada

Ao abrir a porta do quarto vê esposa e um primo dormindo, lado a lado, nus. Observa a cena. Pensa na lata de querosene embaixo do tanque. Corre pegá-la. Volta ao quarto.
– Bonito, muito bonito!
O casal acorda. Com o frasco na mão, o traído começa a se banhar.
– Vocês queriam ver o circo pegar fogo...!
Acende um cigarro.
– Querido deixa explicar – a esposa tenta contradizer – tudo tem uma explicação!
O amante coloca as calças.
– Agora é que eu – ameaça atear fogo em si mesmo – me dou um fim.
De calças já vestidas o outro, desesperado, abre as janelas.
– Aonde você vai, você tem que assistir?
A aflição da mulher.
– Espera aí!
O grito do marido.
– Você não pode...
E o amante que do décimo segundo andar se jogara e se espatifava contra a calçada.

Diego Ramires

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