Sobre amores maternais

Quando pensamos que todos os caminhos já foram percorridos e uma calmaria do tipo acomodação vai se instalar na vida, eis que surgem ciclones, maremotos, vulcões.
A quem recorrer nessa altura da vida? Onde encontrar apoio? Fatos começam a se delinear , provando o quanto necessitamos uns dos outros. Uma palavra, um gesto de aceitação fazem com que o mundo perca a tonalidade gris e adquira tom azul . Para mim, a esperança sempre foi azul.
Observando nossos pais envelhecerem , o que pensamos é que passarão a depender exclusivamente de nós. Esquecemos a força que eles têm, e o quanto podem se agigantar diante das necessidades de um filho.
Em tempos de tsunamis, precisei desesperadamente de ajuda . Não sabia de onde viria . Caminhava em linhas tortas e, intimamente, perguntava qual seria o rumo certo; foi quando senti que mãos firmes me tocavam, e ternos abraços me afagavam, aquietando meu ser e indicando caminhos. Era ela, minha mãe, me oferecendo colo e entoando acalantos. Era o amor falando mais alto, ultrapassando qualquer barreira imaginária.
Não fosse assim, as alegrias que agora colorem meus dias não existiriam , soterradas por pré-conceitos e indiferenças. Restaria em mim um sorriso travado pela desesperança.
Decerto, mereci o bálsamo para a minha alma, quando, de súbito, ela se viu fora de prumo. O mundo, felizmente, voltou a ter a predominância do tom azul em seu colorido.

Belvedere Bruno

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