O homem e o sonho
Algumas vezes, distraída, começo a conversar e, com alma de menino, lá vem ele dizendo, a me surpreender: – "Sonhava que passeava com um cachorro; era um boxer...
– "Me acordou na hora que eu conversava com um passarinho que estava ali na janela; parece até que estou ouvindo ele cantar agora ..." – "Estava colocando comida pros gatinhos, lá no sítio ..." Não me contendo, digo :
– Parece criança! – Mas como, criança?
– responde sem entender, já que tudo é tão natural para ele. Os sonhos são puros, tão cheios daquela vivência infantil que, muitas vezes, me esqueço de que já é um homem de cabelos brancos e muito pé na estrada. Só não permitiu a morte do menino dos dias de ontem e, sem que saia da realidade, apenas por segundos, sonha acordado. Nessas horas, parece, de fato, um menino, mas é ele o homem que me mantém acordada, em clima de encanto, em meio a esse universo de sonhos, feitos de tantas simplicidades.
O mundo nunca me pareceu tão compreensível antes que ele surgisse. Veio cheio de risos, alegrias, e... pé no chão! Percebo, enfim, a exata dimensão do equilíbrio no dia-a-dia. Problemas, soluções, encontros, desencontros, interesses, indiferenças, amizade... Amor!
Que eu tenha incontáveis horas na vida para ouvir muitos de seus sonhos e, quem sabe, recupere minha garotinha, que julgo perdida no tempo e no espaço.
Sonhar acordada... Pular amarelinha, brincar de pique-esconde, encontrar amoras, que tanto colorido deram a minha infância... Adolescer!
Bem-vindo seja você em minha vida, com seu universo onírico de pureza e poesia!
Belvedere Bruno