FLORES SECAS
Em tempos cada vez mais digital, onde não existe tempo e espaço para delicadeza deparei-me com uma flor seca dentro de um livro.Como de costume coloquei a mochila nas costas e fui flanar pelo centro da cidade.
O centro do Rio é um dos poucos lugares e porque não dizer deste país que conserva sua arquitetura e ruas de uma época de ouro. Uma passada na Biblioteca nacional e cruzo a Avenida Rio Branco em direção ao Teatro Municipal. Seguindo em frente vejo uma banca cheia de livros, jogados a esmos, diversas categorias. Um papo aqui, uma idéia acolá. E depois ainda dizem que carioca não é bom de literatura... Vai saber! Sempre cruzamos com alguém que já leu este ou aquele livro, viu este ou aquele filme. E se não gostou. Por que? Dilemas, opiniões, divagações e etc.
A moça de trança procurava O Caçador de Pipas, um amigo havia lido e tinha lhe recomendado. O Boy procurava O amor nos tempos do cólera e eu não procurava nada especifico porque já estou imerso aos livros. Mas procuro daqui e procuro dali, puxo por entre os livros Floradas na Serra de Dinah Silveira de Queiróz.
Uma edição bem antiga e que deve ter sido doada por uma pessoa que não participou dessa estória. Bem na primeira página, estava escrito. “Para você AMOR de toda minha vida.” LU.
Por dentro, entre folhas amassadas e frases de amor grifada, uma flor seca, bem ao estilo dos românticos que entregavam o livro com uma rosa para perfumar os dias do amado. Intrigou-me. LU pode ser de Lúcia ou de Luciano? São tantas as possibilidades. Quem será o ser ofertado com tanto amor? Importante que agora faço parte dessa estória e você também leitor. As narrativas vão se cruzando como se os deuses nos movimentasse com uma simples peça do tabuleiro. Em tempos, tão violentos, em tempos onde não se lê livros e nem damos telefonemas, fica uma mensagem do que não devemos perder. Afinal o digital se apaga.
Francisco Malta