POESIA DA IMAGEM
Buenos Aires é especial e nos recomenda uma visita à Praça denominada Julio Cortázar. A praça tem esse nome em homenagem a um dos maiores escritores argentinos de todos os tempos.
Três manifestações de modernidade incidiram na formação de Cortázar: o romantismo, o existencialismo e o surrealismo.
Sua principal obra é O JOGO DA AMARELINHA (RAYUELA), que o marcou de forma indissociável dentro da narrativa contemporânea. “...as fronteiras terminam e os caminhos se apagam...”
Na praça Julio Cortázar estão concentrados restaurantes, bares e, principalmente, redutos de artistas alternativos, como os artesãos “chiques”.
Encontram-se belas obras de arte e, entre elas, destaco o artista plástico MIGUEL MATEU com sua tela surrealista LA MODELO , nos tons da paixão e de sentir o coração em liberdade; uma inspiração que ilumina, com certeza: uma verdadeira poesia da imagem.
Na surpresa da curva, abre-se para a Rua Jorge Luiz Borges, com seu casario dos anos 30/40; parece suspensa como nas telas e bonita como um poema, digna da homenagem ao nosso poeta Borges. E, ainda, regado ao som do maestro “tanguero” Astor Piazzolla: uma verdadeira imagem da poesia.
A praça Julio Cortázar brilha ao confrontar a participação do escritor, pintor e o músico, com os diversos modos de se encontrar com o público no mesmo espaço: uma verdadeira imagem da poesia.
É uma tradição a sua feira semanal; ter o encontro marcado com a cultura: uma verdadeira poesia da imagem, como encontramos nesse poema de Borges:
“Um pintor prometeu-nos um quadro
... senti, como outras vezes, a tristeza de compreender que somos como um sonho. Pensei no homem e no quadro...
...
Pensei em um lugar prefixado que a tela ocupará.
Pensei depois: se estivesse aí, seria com o tempo uma coisa mais, ... qualquer cor e a ninguém vinculada.
Existe de algum modo. Viverá e crescerá como uma música e estará comigo até o fim...”
Tânia Du Bois