MEU ENCONTRO COM QUINTANA

Uma grande frustração que tenho é não ter conhecido pessoalmente Mario Quintana, o menino Quintana, meu poeta preferido. Sempre quis ir a Porto Alegre, visitar a Feira do Livro, mas o trabalho e outros compromissos nunca deixaram. E o poeta foi completar o céu com a sua poesia.

Então fico eu cá imaginando meu encontro com o poeta. Eu chegaria ao Majestic ou o encontraria na Rua da Praia, ou ainda na Feira do Livro de Porto Alegre. Eu o cumprimentaria, beijar-lhe-ia a mão e me apresentaria. Dir-lhe-ia que sou um poeta aprendiz, nascido ao pé da Serra do Mar, na Santa e bela Catarina, que aprendeu a amar a poesia com os seus poemas. E então pediria para lhe dar um abraço. Talvez ele até pudesse pensar que eu fosse maluco, mas não somos todos, um pouco? E ele talvez já tivesse conhecido outros malucos assim. Mas acho que me convidaria a sentar e conversaríamos. Eu lhe entregaria um ou outro poema, ele acenderia um cigarro e talvez lesse um dos meus poemas.

Que diria ele? Talvez gostasse, talvez não. Deveria ser comum as pessoas levarem poemas para ele ler e opinar, talvez ele nem gostasse de fazer isso. No entanto, qualquer coisa que ele dissesse seria uma grande lição para um pequeno poeta (isso me lembra que ele disse que não existem pequenos ou grandes poetas: ou se é poeta ou não).

Será que ele reconheceria um poeta em mim? Não sei, mas acho que ele diria alguma coisa, naquela voz mansa e naquele falar quase ligeiro, e o que ele dissesse seria bem vindo.

Eu tentaria, ainda que com receio de aborrecê-lo, fazer uma entrevista, é claro. Far-lhe-ia algumas perguntas, que não direi quais porque na época elas seriam umas, mas hoje já seriam outras. E acho que ele responderia, e eu teria aprendido muito mais então. E eu dividiria as palavras do mestre Quintana, pois certamente publicaria, para que todos pudessem usufruir da sensibilidade e da sabedoria dele.

E voltaria para casa com a alma lavada, feliz por ter conhecido o grande poeta.

Luiz Carlos Amorim

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