OS MÉDICOS E SEUS JALECOS

Há dias que pensava escrever sobre algo que tenho visto e que me incomoda. Além de ter visto centenas de médicos e enfermeiras abraçarem simbolicamente o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, na comemoração do Dia Mundial da Saúde, continuo vendo todos os dias esses profissionais de jaleco branco e estetoscópio dependurado no pescoço, indo do hospital em direção a outros prédios que pertencem ao conglomerado, faculdades e uma agência do Banco do Brasil - que fica no térreo do hospital – e, mais ainda, aos cafés do outro lado da rua. Outros, colocam o carro no estacionamento do hospital e já saem de jaleco...

Ora, sabemos que é um perigo levar bactérias nas roupas para dentro de um hospital. Existem bactérias que permanecem entre 24 horas a uma semana em nossas roupas. E daí, como é que fica? E o estetoscópio? Alguém vai examinar o coração de alguém pelo caminho? Assim como levam bactérias para dentro do hospital, também podem levar bactérias do hospital, para outros estabelecimentos.

Ouvi, casualmente hoje, a mesma observação feita pelo jornalista da Band, Ricardo Boechat no seu programa pelo rádio, e há pouco pela televisão, com repórteres entrevistando os médicos na rua. Algo extremamente constrangedor. Isso, lá em São Paulo! E nas outras cidades do país?

Pergunto: há necessidade? Cadê, doutores, os cuidados com a população? Ouvi, de um médico infectologista, que isso é extremamente perigoso. Será descaso, falta de conhecimento sobre o assunto ou será vaidade? Fiquei observando a pergunta a eles formulada. Constrangedor. E pessoas que transitavam falavam timidamente: ‘acho errado, mas fazer o quê?' Pois é. Quem tem de fazer não somos nós!!

Que me perdoem os médicos, mas deveriam ser os primeiros a terem esse cuidado com a população, principalmente com os pacientes que estão sob os seus cuidados nos hospitais.

Não precisam expor a saúde das pessoas desta maneira; não tem o porquê sair na rua de jaleco, que é para ser usado exclusivamente no interior dos hospitais; e por que usar nessas saídas, esse bendito estetoscópio? Pega mal. Usem um crachá, doutores, fica melhor.

Taís Luso de Carvalho

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