Lama Osel

Algumas pessoas me mandaram a revista Veja com reportagem sobre o garoto Lama Osel.
Já no ano passado eu ouvia coisas como essa: “Lama Osel largou o budismo!”
Mas é necessário informação melhor para saber que grandes mestres do passado fizeram o mesmo e continuaram grandes mestres. Deixaram de ser venerados e passaram a cidadãos comuns.

O maior de todos foi Virupa, criador do Landré, que deixou de ser abade do seu mosteiro e foi viver nu na floresta como mendigo.
Outro foi Sangton Chobar, guru de Sachen Kunga Nyngpo, a quem devemos tudo, pois a tradição do Landré tinha desaparecido e só ele a detinha. Chobar tornou-se um simples lavrador, e nem os vizinhos sabiam que ele era um mestre de budismo. Quando Sachen chegou, perguntou se ali morava o grande guru Sangton Chobar, os vizinhos se riram e disseram que desconheciam tal grande guru, mas que Sangton Chobar era aquele lavrador rústico que estava lavrando na serra. E mesmo quando Sachen, carregado de ricos presentes, chegou perto de Chobar, este disse: “O senhor deve estar enganado, eu não sou mestre de nada”.

Mas quando Sachen já ia saindo, alguém advertiu a Chobar: “Aquele é o filho do seu discípulo da família Khon, você tem obrigação de atendê-lo”.
E foi assim que a tradição Landré não se perdeu.

Eu conheci Lama Osel quando ele era menino. Em Kopam. Uns monginhos meus amigos perguntaram: “Que ver Lama Osel? “E me levaram até ele.

Foi surpreendente! Apesar de ser uma criança, Lama Osel exerceu um forte impacto sobre mim.
– Oh, disse-me ele, estou ocupado agora. Você pode voltar amanhã?
No dia seguinte já o tinham levado.

Já naquele tempo ele gostava de filmes de Hollywood, filmes de ação. Naquela noite eu o vi na sala de vídeo do mosteiro. Queriam as beatas passar filmes virtuosos. Ele não deixou. Exigiu filme de ação.

Ele hoje cresce na minha admiração.

Rogel Samuel

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