Nem todos verão
Mais uma vez, a cada ano, escrevo aqui sobre o chatíssimo horário de verão. Há quem goste desse horário fictício. Eu não vejo vantagem, é tudo muito incômodo, e na escuridão em que acordo não enxergo a economia que o governo diz fazer a cada ano. R$ 4 bilhões, afirma o Ministério das Minas e Energia, valor que corresponde a investimentos necessários pra construção de uma usina hidrelétrica de médio porte.
Numa boa, eu gostaria muito de contribuir pra essa economia de megawatts, mas os bilhões aí poupados não têm correspondência com uma parcela na minha conta de luz. Ano passado nesse período forçado, de segunda a sexta, acendi abajur ao lado da cama, lâmpada do banheiro, do corredor, da cozinha... o que fosse pra iluminar o meu caminho de manhã cedo.
Por isso não entendo por onde se pratica essa economia com a adoção de um horário que desregula o cotidiano de milhares de pessoas, principalmente as crianças. Há umas justificativas de ordem técnica, como "redução que representa cerca de 50% da capacidade energética adicionada anualmente ao sistema de geração de energia elétrica"... Deu pra entender?
Hoje, moradores das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste adiantaram os relógios em uma hora. Mas estou na Bahia, no sertão e no litoral, entre coqueiros, sois, câmeras e filmagens, num misto de trabalho e lazer. Fora essa chateação em saber que quando voltar à Brasília, enfrentarei o horário de verão, leio a notícia do que aconteceu com a obra do grande Hélio Oiticica, consumida 90% em um incêndio misterioso. Uma perda irreparável.
Nirton Venancio