Mulheres maduras
Hoje em dia é cada vez maior o número de mulheres que estão muitíssimo bem obrigada na faixa dos 50. Muitas confessam que se sentem belas, plenas, melhores do que nunca! A mídia não se cansa de mostrar exemplos de belas cinquentonas! Elas estão sendo enaltecidas e admiradas como nunca! Dizem alguns até que são mais encantadoras do que muitas jovens, por serem donas de uma personalidade bem definida e segura. Muito diferente da época das nossas mães e avós, não é mesmo?! Mas afinal, como estão as nossas cinquentonas? Qual o perfil dessa nova mulher?
Em sua juventude sentiu na pele as profundas transformações culturais que sacudiram o mundo ocidental iniciadas na década de 60. Participou ativamente da construção das novas formas de organização da vida social e inaugurou novas formas de se colocar no mundo. Percebendo a enorme responsabilidade que tinha na construção de seu próprio destino, foi atrás de sua felicidade e realização pessoal. Buscando sua autonomia, colocou-se definitiva e irreversivelmente no mundo do trabalho e da luta pela sobrevivência. Assumiu um protagonismo nunca antes exercido! E pagou a conta, chegando aos 50 “livre de pendências”.
Foi feliz, sofreu, errou, acertou. Se virou pelo avesso, saiu da linha, retornou, corrigiu o curso. Aprendeu a cair e levantar, a ter jogo de cintura, a se reinventar continuamente. Em seu corpo, marcas, cicatrizes fazem parte da bagagem. Do processo inexorável da vida.
Hoje, antenada e conectada com seu tempo, ela marca presença. Transita pelo ciberespaço buscando informação ou interagindo nas redes sociais. Preocupa-se com sua saúde e a saúde do planeta. Tem projetos e amigos, viaja e desenvolve atividades prazerosas. Aos 50 ela tem vitalidade e boa auto estima.
Graças aos novos recursos da medicina e da estética, pode se sentir saudável e bela. Cuida do corpo, da mente e do espírito. Usufrui do amor e do sexo com mais satisfação e liberdade. Algumas renovam os laços amorosos com o parceiro. Outras, corajosamente e cheias de esperança, rompem com o passado, em busca de uma nova relação que lhes ilumine o futuro. Ou ficam sozinhas numa boa, pois aprenderam a ser a sua melhor companhia!
De um jeito ou de outro, essa conexão com a vida lhes dá vitalidade e as alimenta. E permite que usufruam de uma vida mais longa e com muito mais qualidade. Na prática, estamos bem mais próximas dessa visão ideal da mulher madura, mas geralmente ele aparece mesclado com as naturais dificuldades individuais e as circunstâncias da vida de cada uma.
E claro, nem tudo (e nem sempre!) é um mar de rosas! Pelo contrário, a menopausa anuncia em alto e bom tom que o tempo passou e que o processo de envelhecimento está a pleno vapor. As alterações físicas e emocionais que a acompanham são inúmeras e há que se ter um cuidado redobrado nessa fase para fazer frente a elas.
É quando aumenta a incidência de quadros depressivos, não só pela química cerebral, mas também pelas profundas mudanças que ocorrem em sua vida nessa época (menopausa, saída dos filhos de casa e síndrome do ninho vazio, o próprio processo de envelhecimento...)
A capacidade de adaptação aos ciclos da vida varia de mulher para mulher. As que se saem melhor são as que apresentam maior grau de maturidade e flexibilidade, as que desenvolveram o autoconhecimento e que têm um ego bem estruturado. Apresentam maior capacidade de lidar com as inevitáveis mudanças, enfrentando as perdas, mas também podendo reconhecer os ganhos.
Sabemos que muitas mulheres não lidam bem a passagem do tempo e a chegada da meia-idade. Apegam-se aos ideais da juventude, num impossível de sustentar e não aceitam as perdas. Impossibilitadas de se adaptar à nova fase, incapazes de fazer as substituições necessárias (de colocar algo no lugar do que se perdeu) acabam caindo num vazio insuportável.
Atribuíram ao outro a responsabilidade por suas próprias vidas: a ele atribuem suas vitórias, fracassos ou frustrações. Com uma dívida consigo mesmas estas mulheres- meio meninas costumam culpar o outro pela própria insatisfação. E assim, ao invés de usufruírem desse período tão pleno de possibilidades para a realização de projetos e sonhos, sentem-se tristes e ressentidas. Só conseguem enxergar empobrecimento e perda, tornam-se amargas e propensas aos quadros depressivos e a outros males do corpo e da alma (doenças psicossomáticas).
Felizmente, muitas acordam a tempo (por si mesmas ou por conselho de amigos ou parentes) e buscam ajuda profissional. E com vontade, terapia e medicamentos conseguem sair da crise!
Que cada vez mais mulheres cheguem à meia-idade sentindo-se plenas e realizadas. E com mil perspectivas de futuro, sonhos e projetos. Trazendo na bagagem sua história, recheio de suas vidas. O que elas têm de mais bonito e que lhes dá consistência!
Carmen Cerqueira Cesar