O SELO DO CINQUENTENÁRIO
Desde garoto, estimulado pelos irmãos mais velhos, aprendi a admirar os Correios (ECT). Eles achavam que colecionar selos era uma forma de aprender mais depressa geografia, conhecer países com nomes estranhos, e certamente história, principalmente a brasileira, em virtude do grande número de vultos homenageados a cada ano.
Quando passei pela presidência da Academia Brasileira de Letras (98-99), sempre recebi uma simpática correspondência da ECT, solicitando sugestões sobre homenagens que deveriam ser prestados a propósito de efemérides históricas, como o centenário de nascimento ou morte de determinados e importantes escritores. Era uma cerimônia simples e bem objetiva. Vinha o diretor da ECT com álbuns e carimbos, para obliterar o selo. Gostava muito desse verbo, que depois vi no Dicionário da ABL que significa estranhamente (quem diz é o Antenor Nascentes), “apagar, destruir com o uso, suprimir, fazer esquecer, mas também carimbar (selo)”. O verbo em português vem do latim oblitterare. Eu entendia que ao produzir um selo bonito com a cara do Machado de Assis, por exemplo, o que se fazia era reforçar a sua importância, trabalhando para que a sua memória estivesse sempre viva, nunca suprimida ou esquecida. Mas vai-se entender o que os filólogos têm na cabeça...
Agora, chegou a vez do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE). Está comemorando, no Brasil inteiro, o seu primeiro cinqüentenário. Houve uma bonita festa em São Paulo, capitaneada por Ruy Martins Altenfelder e Luiz Gonzaga Bertelli. Repetiu-se outra no Rio, simbolicamente na futura sede, na rua Santana 165, em que diretores da ECT trouxeram a parafernália e me fizeram, com perdão da palavra, obliterar o bonito selo produzido, em tons azulados, para lembrar os 50 anos dessa importante instituição.
Ao dizer algumas palavras aos presentes, ao lado do Superintendente Paulo Pimenta e de diversos membros do nosso Conselho de Administração, pude ressaltar o quanto é grato, para nós, participar de uma solenidade dessa natureza, ao lado de dirigentes da ECT. Isso porque é uma empresa extremamente simpática ao povo brasileiro. Em todas as pesquisas que são feitas, os Correios, graças sobretudo aos seus milhares de carteiros, sempre são tido como “queridos”, que em geral trazem boas notícias para os nossos lares. Não perdeu a força apesar da avalanche dos computadores e da comunicação on-line.
Agora, temos um bonito selo do nosso primeiro cinquentenário. Toda a correspondência vai sair com esse símbolo, mostrando a data e certamente fazendo o público pensar no seu significado. O CIEE é uma instituição sólida, de grandes realizações, talvez a maior das nossas ONGs, que deu oportunidade para o primeiro emprego a nada menos de 13 milhões de jovens brasileiros. Seu compromisso com a assistência social é incomparável e por isso merece todo o respeito, quando se trata de abordar o tema da filantropia.
Arnaldo Niskier