POR UM TRIZ
José continua corajoso. Entra em qualquer lugar desde que esteja aberto ou fácil de abrir. Dona Maria sempre o alertava:
-Cuidado, filho. Uma hora você pode se dar mal.
Todos o avisavam, mas o rapaz não ligava.
Certo dia.
– Zezé, vai comprar tempero verde, na vizinha, para o almoço.
– Já vou, mamãe.
A casa da dona Carmem era no fundo do quintal. O jovem foi entrando, batendo palmas e gritando:
– Ô de casa! Tem alguém aí?
Pior que tinha.
Um baita de um cachorro preto e marrom saiu bufando de trás da casa.
José voltou em disparada. O animal ia tão perto dele, mas tão perto que dava para sentir o bafo quente no pescoço.
– Estou morto! – pensou.
Ao aproximar-se do portão, lembrou-se que o havia fechado com o trinco.
– E agora? Seja o que Deus quiser!
Então, agarrou-se ao portão, fechou os olhos verdes e aguardou a dentada fatal. Esperou um pouco mais e nada. Virou-se devagarinho e exclamou:
– Não é possível!! Não acredito!! Obrigado meu Deus!
A corrente que prendia o bicho feroz acabou e ele ficou em pé rosnando, babando e com os olhos esbugalhados.
Rapidamente, o filho da D. Maria saiu dali tremendo dos pés à cabeça.
Em casa:
– Cadê o tempero verde?
– Ah, mamãe, não deu para trazer.
Anna Célia Dias Curtinhas