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(*) Pedro da Cunha Pimentel Homem de Melo –
nasceu no Porto e cursou Direito em Coimbra. Exerceu advogacia em
Águeda (perto da cidade de Aveiro), sendo, naquela comarca,
delegado do procurador da República até 1927. Posteriormente
ingressou no ensino técnico
profissional, tendo chegado a director da Escola Comercial
Mouzinho da Silveira. Foi colaborador da revista Presença.
A sua poesia, feita de sortilégio a que não são alheios
certos recursos paralelísticos do lirismo popular do Minho (principalmente
da região de Viana do Castelo). Possuía um conhecimento aprofundado
da dança folclórica portuguesa, em especial a minhota da
região de Viana do Castelo. Amália Rodrigues imortalizou
alguns dos seus poemas, talvez o mais conhecido "Lavadeira que lavas no
rio".
Mas vamos falar da região.
Um pouco por toda a parte deparam-se-nos, nos concelhos de Ponte de Lima e de Viana do Castelo, citânias e castros, antas e mamoas, túmulos e ruínas – numa palavra, vestígios de civilizações que procederam Roma. Mas também velhas pontes romanas, frescos e azulejos de padrão único em todo o mundo. Do monte da Madalena, sobranceiro à vila de Ponte de Lima, alcança-se toda aribeira até Viana do Castelo – antes Viana da Foz do Lima. Nas Argas, do outro lado do vale, a Senhora do Minho, na sua capelinha cocuruto da serra. Na linha do Extremo, o Paço de Calheiros, solene, arcaico, mas cheio de nobreza. E, para o lado do mar, no caminho de Viana do Castelo, o senhoral Solar de Bertiandos. Outrora, estes concelhos minhotos eram percorridos pela via militar romana que cruzava o rio Lima a 23. Mil passos de Tuí e a 20 mil de Braga. O cruzamento da via fluvial com a estrada romana foi a razão da existência da vetusta povoação de Ponte de Lima, não muito longe de Viana do Castelo.
A história e a paisagem, os monumentos e a poesia, são constantes neste itenerário que nos leva pelos dois concelhos, ao longo da Ribeira Lima.; onde seus habitantes conhecem bem quem tem ou não tem valor – se for de fachada, os forasteiros serão ridicularizados.
BEIRAL
O ex-libris da terra é a Casa da Torre de Beiral, do século XVll, reconstruída no seguinte, em cuja propriedade foi descoberta, em 1959, uma necrópole sueva e valiosas peças arqueológicas.
CORRELHÃ
Nesta freguesia regada pelo rio Lima, onde terá existido a povoação romana de Villa Corneliana, merecem destaque a Igreja Paroquial de São Tomé, de traça romântica já adulterada, e, a poucos metros, a igualmente romântica Capela de Santo Abdão, que mantém a pureza das suas linhas de origem.
CRUZ da PEDRA
No segundo domingo de Agosto, durante as festas anuais, realiza-se no Senhor da Cruz da Pedra uma curiosa reposição de um velho auto medieval, que evoca um combate entre turcos e cristãos. Mais adiante, num raro enquadramento paisagístico, a Igreja de São João Baptista, românica, guarda talhas de um barroco português.
ESTORÁOS
Esta freguesia possuí um conjunto muito curioso: a fonte, a azenha e as alminhas, monumentos muito antigos, talvez de raiz medieva. Logo a seguida, encontram-se aqui e igreja matriz e a Casa do Mato Bom, onde, segundo leva a crer, terá nascido Fernão de Magalhães (da circunvalação marítima ao mundo). Merece ainda citação a Casa de Penteeiros.
FACHA
Entre outros solares, a povoação e freguesia da Facha mostra, mesmo junto à estrada nacional, esse belo espécime setentista que é a Casa das Torres, construída no tempo de D. João V (o "Magnânimo"). Merecem também citação as Casas do Paço da Facha, de Cavada, do Casal, da Facha e do Arrivão.
FONTÃO
Alguns solares curiosos caracterizam esta freguesia. Merecem uma visita as Casas Grande, do Retiro e de Fundevila, a primeira do século XVl e as outras do XVlll , bem como a Casa de São Bento.
GEMIEIRA
Para além da Igreja Matriz, quinhentista, com bom acervo de azulejos, a povoação e freguesia de Gemieira possuí as Casas do Bárrio, de Cartemil, dos Casais, de Pereiros, das Neves e do Couto de Gondufe.
GERAZ DO LIMA
Na freguesia de Geraz do Lima e na próxima de Moreira de Geraz podem ver-se solares e velhas quintas solarengas, entre as quais se destaca a Casa da Torre de Geraz. Dignas de visitar também a Casa dos Cunhas, a Casa da Corredura, a Casa da Bouça e a Casa do Paço. Ainda digna de se ver é a Torre dos Jácomes Bezerra.
LANHESES
Na povoação de Lanhares, limite do concelho de Viana do Castelo, há que ver o Paço dos Almadas. Vale também a pena apreciar-se o pelourinho (monumento nacional) e a Capela do Senhor do Cruzeiro das Necessidades, obras barroca.
MOREIRA DO LIMA
A capela do Espírito Santo, de raiz românica (século Xlll) e obra dos templários, foi enriquecida com belos retábulos do fim do século XVll. São dignas de interesse as Casas do Outeiro, do Bárrio e da Bela Vista, a primeira do século XVl e as outras do XVlll.
SANTA MARIA DE SÁ
No souto do Senhor da Saúde, desta freguesia, a pouca distância da Igreja Paroquial, está a Casa de Sá, solar nobre onde nasceu o conde de Barca, 3º conde da Bahía. Um pouco mais além encontram-se a Casa da Cruz de Pedra, do século XVll e a Casa da Caravela do século XVlll.
SÃO JULIÃO DO FREIXO
Já em plena estrada, ergue-se o Paço de Corutelo, possivelmente construído no século XVl, à volta de uma velha torre, solar do tipo fortificado.
SÃO MARTINHO DE GANDRA
Podem sdmirar-se em São Martinho de Gandra alguns solares rústicos de interesse, nomeadamente as Casas do Coto, dos Abades, de Nabais, do Casal (do conde de Alentém), de Pombal, do Hospital, do Forno (dos Abreus Coutinhos) e de Grijufe.
SÃO PEDRO DE ARCOS
Sobre o pano de fundo da serra de Arga, ressalta o cruzeiro paroquial, fronteiro à muito antiga Igreja Matriz.
VITORINO DAS DONAS
Junto ao rio, o Paço de Vitorino é um bom exemplo de solar apalaçado, do 3º quartel do século XVlll. Nesta freguesia, situada na margem esquerda do rio Lima, merecem visita a Casa das Torres das Donas do século XVlll, a Casa da Pousada do século XVll e ainda do que resta do antigo mosteiro das monjas beneditinas.
RIO LIMA
O rio Lima nasce na serra de São Mamede, em Espanha, a cerca
de 950 metros de altitude, e o seu curso estende-se por 108 Km, dos
quais 67 Km em Portugal.. O seu principal afluente em território
português é o rio Vez, na margem direita. O clima da bacia
hidrográfica do rio Lima, que cobre 2.480 Km2. , sendo 1.177
Km2. Em Portugal, vai de muito húmido a pouco húmido, situando-se
as zonas mais pluviosas nas serras do Gerês e Soajo, com valores
da ordem dos 2.800 mm, e as de menor pluviosidade junto à
foz, em Viana do Castelo, com valores anuais de 1.400 mm.