Brasília 22/01/97 17:30 h
São Paulo 23/01/97 1 h (hora da saída do vôo)
Bogotá 8 h
Cidade do México 12:20 h (hora local 8:20 h)
Fomos recebidos, eu e a minha esposa Luiza Helena, pela Lorena, da empresa
de turismo, que nos levou ao Hotel El Ejecutivo, no centro da Cidade
do México.
Durante a viagem vi um vulcão extinto, bem alto, rodeado por
terreno cultivado, com inúmeros retângulos indicando
plantações, bem como diversas aldeias ("pueblos"). Passamos
sobre o oceano, muito acima das nuvens. Ao longo da selva vi diversos pontos
brilhantes (línguas de fogo lineares). De repente, uma cidade toda
iluminada (antes de Bogotá).
Em Bogotá permanecemos muito tempo, caminhei dentro do avião,
pois estava cansado, por estar tanto tempo sentado. Durante
a viagem vi montanhas imensas e uma coluna de fumaça que mais parecia
um gigante mudando de forma. Quando sobre o oceano, me pareceu ver
uma porção de água gelada; depois, conclui que
se tratava de formações de nuvens sobre o oceano.
Chegando ao hotel, soubemos que o apartamento só estaria vago
às 13 h... Combinamos com a Lorena alguns passeios e, em seguida,
saímos do hotel, quando encontramos um simpático motorista
de uma frota de táxis, bem conversador, um mexicano típico,
que gentilmente nos levou à uma casa de câmbio, onde troquei
dólares por pesos. Ele nos indicou um restaurante e uma loja de
turismo.
Estávamos em pleno centro da Cidade do México, a mais
populosa do mundo: avenidas largas, muitas praças e monumentos;
andamos sem maiores dificuldades e localizamos uma loja de turismo, onde
eu iria trocar o trecho aéreo Merida/Cancun por Cidade do México/Merida
(que é mais longo, seriam 12 h via terrestre). Assim, eu faria o
percurso Merida/Cancun de carro, que, segundo a Lorena, oferece belos trechos
no itinerário.
Almoçamos em um restaurante moderno, atendidos por uma garçonete
simpática e sorridente, uma comida farta e saborosa, sem "chile"
(pimenta), e já comecei a desenvolver o meu dialeto português/espanhol/inglês,
com o qual me comunicaria durante toda a minha estadia no México!
Retornando ao hotel, descobrimos o apartamento no 13o. andar e também
que a camareira ainda estava terminando de arrumá-lo...
Acabei cortando o meu dedo na lâmina de barbear, com a pressa,
pois o guia já havia chegado e estava nos esperando. E a Luiza esbarrou
com a mala, nova, no armário, arrancando uma peça.
Fomos, então, com o guia, Jorge, até o centro histórico
da Cidade do México, onde estivemos na terceira maior praça
do mundo e visitamos o antigo Palácio do Governo, que exibe em suas
paredes murais belíssimos que contam a história do México,
criados por Diego Rivera, com uma visão, por sinal, bastante crítica
e autêntica.
vista frontal da catedral, na Praça Zocalo
Visitamos a catedral, também muito bonita, que está, infelizmente, afundando, devido às características do terreno onde está situada. Aliás, abrindo um parênteses, li recentemente, que este problema foi solucionado através de uma primorosa obra de engenharia. Na época da viagem, a catedral já estava com obras de reforço e escoramento em seu interior. Havia uma sala, do coro, fechada, que me lembrou muito um sonho, em uma igreja, que eu havia tido, há mais tempo. Fotografei e seguimos para o Centro Artesanal, imenso, onde permanecemos mais de uma hora escolhendo e comprando ponchos, figuras de cerâmica, deuses, corujas, candelabros, maracas, pequenos sombreros.
Abílio, nos Jardins Borda, em Cuernavaca
Em 24/01, 6a. feira, partimos para Taxco, na companhia de Jorge, o guia,e
de Silvana, uma turista peruana, em uma van com ar condicionado. A temperatura
estava muito baixa, pela manhã, saímos bem agasalhados, mas,
ali pelo meio dia, já subiu bastante e, então, estorricamos
dentro da nossa roupa reforçada! No trajeto, passamos por Cuernavaca,
"onde é eterna primavera", uma cidade realmente convidativa; lá
viveram o Xá do Irã e John Weissmuller, um dos mais
famosos Tarzans. Visitamos a Catedral e o Jardim Borda, com muitos chafarizes,
plantas e flores, muito bonito! Havia uma exposição sobre
Luis Buññuel, o famoso diretor de cinema, no centro cultural
anexo ao jardim. Em Taxco, onde abundam inúmeras lojas de venda
de objetos manufaturados em prata, compramos alguns deles e visitamos a
catedral e outros locais.
Retornamos ao hotel às vinte horas e saímos às
22 horas com o guia, para visitar a praça onde se reúnem
os famosos mariaches. Encontramos a praça cheia, com grupos reunidos
em torno de diversos conjuntos de mariaches, com suas roupas típicas,
seus imensos sombreros, seus violões, baixos, instrumentos de sopro,
violinos e suas belas vozes executando aquelas músicas que sempre
nos emocionam, por mais antigas que sejam! Ali eles se apresentam e costumam
ser contratados para festas, segundo nos informou o guia.
Em seguida, seguimos com o Jorge para o Restaurante Guadalajara, onde
nos sentamos bem ao lado do palco/pista de dança, que se situa em
um nível mais elevado. Tomamos tequila (do jeito certo, segundo
Jorge nos ensinou) e apreciamos uma encenação por um grupo
de dançarinos do sacrifício ritual de uma princesa asteca,
muito bonito! Em seguida, uma cantora, dois cantores, acompanhados por
conjuntos de mariaches e novas danças com dois casais de dançarinos,
se apresentaram com bastante brilho! Antes e depois dos shows, as pessoas
subiam à pista e se entregavam com todo o entusiasmo ao ritmo vibrante
das sonoras melodias mexicanas!
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(base) |
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Em 25/01, sábado, partimos para Teotihuacan, onde se localizam
as Pirâmides do Sol e da Lua e todo o conjunto arquitetônico
imenso que, no passado, constituía uma cidade com milhares de habitantes!
Subi, a duras penas, a Pirâmide do Sol, com 246 degraus! Durante
todo o tempo, centenas de turistas de todas as nacionalidades faziam o
mesmo percurso, subindo e descendo. Lá de cima da pirâmide,
se tem uma visão privilegiada da avenida, a pirâmide da Lua
no extremo; e imaginar que tudo isso foi habitado, um dia, há muito
tempo, por um povo, com sua cultura, seus hábitos, seus deuses,
e que tudo acabou, de vez, sem explicação! Procurei um local
um pouco mais tranqüilo, me sentei, lá no alto da pirâmide
e fiz uma meditação. Soprava um vento forte e senti bastante
energia presente, a força dos deuses que inspiraram aquele povo
longínquo. Quando descia, encontrei a Luiza subindo as escadarias.
Em um restaurante próximo, todo colorido, e com cores bem acentuadas,
como só os restaurantes mexicanos conseguem ser, conversei
com uma bela jovem que ali trabalhava, que me disse: "os espanhóis
nos prejudicaram muito." A sua declaração me surpreendeu,
pois dificilmente eu ouviria algo semelhante de uma jovem brasileira, algo
assim: "os portuguêses nos prejudicaram muito", já imaginaram?
Inconcebível, não é mesmo? A propósito, notei
que os/as mexicanos/as possuem uma consciência social e histórica
muito bem desenvolvida. Sabem que são descendentes dos indígenas
e sentem orgulho da sua origem étnica.
Retornamos à Cidade do México e visitamos a Catedral
da Virgem de Guadalupe, a padroeira do México. São três
igrejas, sendo a catedral (a mais recente) imensa. Muitas pessoas rezando
e, em frente à imagem da santa, a Luiza e a Silvana, procuravam,
fervorosamente, conservar-se no mesmo lugar, sobre a esteira rolante, orando,
contritas! Até que um zeloso observador deu-lhes algum descanso,
desligando, por alguns momentos, a esteira rolante, até que terminassem
as suas devotadas preces!
Em seguida, observamos a Praça das Três Culturas: as ruínas
pré-colombianas, a igreja construída pelos espanhóis
para São Santiago, padroeiro da Espanha e os prédios modernos,
em torno. O local é marcado por muitas tragédias: a
última batalha, em que os astecas foram derrotados pelos espanhóis,
definitivamente; em 1968, em torno de dois mil estudantes foram mortos
pelas tropas do governo; e houve também um terremoto, uma tragédia,
na qual faleceram parentes do Placido Domingo, que residiam nas proximidades.
Em 26/01, viajamos de avião, pela "Mexicanas" às 14 h
e chegamos a Merida às 15:30 h. Já no hotel, alojados, perguntei
ao recepcionista a respeito do "programa" noturno e ele me sugeriu
ir à Plaza Principal e para lá nos dirigimos. Merida é
uma cidade mais interiorana, se bem que importante na região, pelo
que me informaram. Na "Plaza", muita gente passeando, sentada nos bancos,
namorando, casais com seus filhos nos restaurantes (muitos em torno da
praça) e o que eu achei mais interessante: uma autêntica orquestra
tocando, ao ar livre, deliciosos boleros, mambos e em plena rua, fechada
ao trânsito, um verdadeiro baile, com muitos casais dançando,
animadamente! Achei deliciosa aquela cena!
Em torna da praça há muitos prédios bem antigos:
um deles com escudos, emblemas heráldicos sustentados por seres
míticos; a catedral, antiga e imensa como as outras que vimos; um
prédio municipal, onde estão pintados, ao longo das
paredes (como na Cidade do México, com os murais de Diego Rivera)
cenas impressionantes da história de Merida. Aprendi que a cidade
de Merida surgiu no século XVI, que os Maias resistiram aos espanhóis
durante vinte anos; reza a lenda que o povo maia nasceu do milho e que
no Ocidente estão as trevas e a destruição, segundo
as suas crenças, e que no Oriente, ao contrário, estão
as forças benéficas e criativas; a venda dos índios
maias como escravos pelos políticos; a sua libertação
por ação dos seus benfeitores; a cisão no século
passado e muitas outras pinturas magníficas. Em um centro comercial,
ouvimos um trio interpretar lindas melodias, com as pessoas sentadas em
cadeiras, ouvindo, e visitamos uma exposição fotográfica
sobre as belezas arqueológicas mexicanas.
Em um restaurante comemos uma "bela pizza" (mexicana, apimentada),
com uma massa bem fina e saborosa. Observei belos prédios antigos,
pinturas murais magníficas, monumentos arquitetônicos imensos,
comércio turístico bem desenvolvido, um padrão étnico
bem definido, um povo cordial, educado, alegre e com boa vontade, no que
me pareceu, até agora, serem características marcantes do
povo e das cidades mexicanas. Possuem uma história e uma cultura
riquíssimas, de que podem se orgulhar!
A tempo: quando meditando, ontem, na Pirâmide do Sol, senti uma
poderosa sintonia e fiz bastante esforço para manter a lucidez.
Creio que a minha história pessoal passa por esse sítio arqueológico,
em época remotas, e por esse povo que aqui viveu e depois abandonou
tudo, de forma misteriosa. Alcançaram 250.000 habitantes! Mas nesse
sítio só viviam os sacerdotes, enquanto o povo vivia em torno.
Parece que, em certo momento, não havia comida para todos (devido
à exaustão da terra)... ou, então, foram atacados
por um povo mais belicoso que os venceu e os destruiu, em sua integridade.
Palácio do Governador, em Uxmal,
construído sobre uma plataforma
Em 27/01, partimos em direção a Uxmal, junto com um casal
jovem japonês (bem altos, a nova geração), um americano
alto, mais idoso e dois italianos e uma italiana. Lá chegando, fomos
conhecer o sítio arqueológico que apresenta diversas pirâmides,
um campo de jogos, uma universidade, um templo menor, um falo enterrado
representando a fecundação da Terra pelo Céu e muitas
pirâmides e templos ainda escondidos entre o mato ou enterrados.
Há plataformas construídas, para que sobre elas se construíssem
as pirâmides, templos etc.! Os pisos dessas pirâmides desapareceram
após a conquista espanhola. Nesse local existiram as civilizações
maia e tolteca. Em templos originalmente maias encontram-se construídos
símbolos toltecas, uns sobre os outros. Eles se utilizavam de poços
para o abastecimento de água. Em frente ao denominado "Palácio
do Governador" (que foi construído sobre uma plataforma) há
o já citado falo enterrado e dois jaguares, macho e fêmea,
acoplados um ao outro, de costas. Passava um grupo de turistas italianos,
no momento, e quando o guia comunicou que colocar a mão sobre o
falo daria sorte no amor, uma jovem italiana, imediatamente, correu até
ele e colocou sua mão, mais do que depressa!
A denominada "Casa das Tartarugas" apresenta uma simetria perfeita,
semelhante a um templo grego. Os arcos das contruções maias
formavam um vértice, diferentes dos arcos romanos.
A Igreja destruiu muitos escritos maias, para forçar o povo
a abandonar as suas crenças e adotar o catolicismo.
Subi, com a Luiza, a escadaria da Grande Pirâmide e lá
de cima tirei fotos bem interessantes. Haviam diversos iguanas passeando
pela relva ou dentro das ruínas; vi um bem grande, papudo, mas não
consegui fotografá-lo, pois ele correu para dentro de uma ruína.
Os arqueólogos continuam fazendo trabalhos de recuperação
e vimos muitas peças dispostas ordenadamente no solo, preparadas
para serem recuperadas. Vimos uma estátua de um deus já recolocado
em seu local original e outra, colocado à parte, provavelmente para
exibição. Partimos, em seguida, para Kabah, onde visitamos
um sítio arqueológico menor, mas também muito interessante.
Caminhando um pouco mais, encontramos um arco maia isolado e, no meio do
mato, uma grande pirâmide, com pedras bem visíveis.
Retornando ao primeiro local, almoçamos em companhia dos italianos.
Um deles, mais loquaz, contou que já era a terceira vez que vinha
ao México. Segundo ele, no México é mais barato, mais
seguro (foi assaltado em Salvador-Bahia, há cinco anos atrás)
e há muito o que conhecer. Permanecerão por um período
de trinta dias. Ele esteve em outras capitais brasileiras e possui amigos
no Brasil, que estão sempre lhe chamando para voltar. Possui amigos,
também, no México.
Jantamos no restaurante Los Almendros, que serve comida de origem maia.
Apreciamos pratos saborosos, ao som de boleros e outros ritmos latinos,
cantados com perfeição por um trio. A Luiza pediu "Maria
Helena" e foi atendida. Ao tentar fazer outro pedido, entretanto,
não foi muito bem entendida: o garçon trouxe o cardápio...
Voltando ao tour de hoje, o jovem casal japonês (ela está
grávida de sete meses) viajará durante 23 dias no México
e o americano é de Seattle, bem risonho.
Merida é bem mais quente que a Cidade do México. Está
na Península de Yucatan (remember Ponce de Leon). É uma cidade
grande (um milhão de habitantes), antiga, sem prédios altos.
Observei hoje, ao voltar do tour, passando pela área central da
cidade, que o comércio é bem desenvolvido. A cidade, apesar
de ser do tipo interiorana, possui ótimos restaurantes (com shows
ao vivo, como no hotel em que estamos), belas avenidas, ruas estreitas,
belas praças com monumentos, bons hotéis, agências
de turismo (há uma no hotel em que estamos) etc. Enfim, se enquadra
em um padrão diferente de cidade, nada se parecendo às cidades
brasileiras.
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Em 28/01, partimos para o tour Chichen Itza. Na van, fiquei mal acomodado,
ao lado de um casal de americanos e a Luiza, ao lado de uma argentina e
sua filha. No sítio arqueológico de Chichen Itza há
um campo de jogos bem maior que o de Uxmal; ouvimos a explicação
de que disputavam o jogo dois times de seis jogadores cada um, todos devidamente
protegidos (inclusive a cabeça e o nariz, como mostram as decorações
nos blocos de pedra ao longo do campo). Disputavam durante dias a fio,
trocando os times a medida que cansavam, com uma bola de borracha (!),
tentando alcançar a abertura de um círculo de pedra, à
grande altura (nesse campo específico). O "capitão" do time
vencedor considerava-se honrado em ser decapitado, pois acreditava que
a sua alma, nesse caso, seria recebida pelos deuses e, depois, reencarnaria.
Os maias e, depois, os toltecas, construíram esse complexo conjunto
arquitetônico de Chichen Itza. Uma das construções
apresenta em torno, em relevo, diversas caveiras. Em determinada festividade,
os participantes tomavam bebidas cerimoniais com um chá tipo alucinógeno
e depois eram conduzidas a um poço e nele atirados (esse poço
ainda existe e possui águas bem escuras). No início do século
passado, um arqueólogo dragou esse poço, onde encontrou muitos
esqueletos com todos os seus paramentos.
Nos observatórios astronômicos nota-se uma assimetria
que destinava-se a proporcionar aos estudiosos maias um ângulo condizente
com as posições zodiacais, equinociais, do céu, naquele
momento. Nas placas pode-se observar escritos no idioma maia, que apresenta
certa semelhança, em sua pronúncia, com o chinês.
Templo das Mil Colunas
Sobre a construção ao lado do belo Templo das Mil Colunas
há a escultura de Chac-Mool, que fazia a ligação entre
os sacerdotes e os deuses; em seu colo se colocavam os corações,
após os sacrifícios rituais.
Errei o caminho para sair, me atrasei e acabei me desentendendo com
o guia, que ameaçou me deixar lá e só não o
fez porque a Luiza ameaçou se comunicar com a empresa de turismo...
Seguimos em um onibus de turismo para Cancun, que, diga-se de passagem,
é um show à parte. Ficamos boquiabertos com os hotéis
de alto luxo; um deles possui "apenas" 1.200 apartamentos e o guia, enquanto
deixava os turistas, ia nos contando a história de cada um. Já
em nosso hotel, próximo ao mar, almoçamos em um restaurante
próximo. Nas mesas próximas, ao ar livre, uma moça
americana, loura, dava o seu showzinho à parte: de bikini, depois
de dançar bem a vontade, engoliu, pela goela abaixo, uma bebida
derramada em sua boca por um garçon, que estava em cima de uma mesa,
enquanto todos batiam palmas, animados, acompanhando a sua performance.
Depois abraçou e beijou outro garçon, bem a vontade, enquanto
o seu acompanhante, americano também, ficava com cara de quem comeu
e não gostou, visivelmente constrangido.
Aluguei um carro, um Nissan, com ar condicionado, com o qual rodamos
bastante até localizar um restaurante, onde saboreamos pratos típicos
mexicanos, ouvindo dois músicos, com uma flauta e um órgão
elétrico, interpretarem bossa nova...
Em 30/01,seguimos, com o carro alugado, para Xcaret, que é um
parque turístico simplesmente sensacional. Lá se encontram
um canal/ "rio" subterrâneo, para os turistas nadarem ao longo de
todo o parque, devidamente "paramentados", com óculos de mergulho
etc., animais selvagens, teatro ao ar livre, sítio arqueológico,
shows de golfinhos (com a participação dos turistas), espetáculos
de música e de teatro, praia, restaurantes com música ao
vivo, habitat dos antigos maias, mariaches, e, ao cair da tarde, um belo
espetáculo, em que os turistas são conduzidos dentro de cavernas
e ao lado do "rio", presenciando uma representação dos antigos
indígenas em seus rituais e danças, belíssimo!
Em 31/01, no shopping da Plaza Kukulcan, descobrimos um ponto da Arte
Huichol, que segundo a funcionária, Silvana, nos explicou, é
o único povo indígena que ainda conserva os seus antigos
costumes e tradições, no México. É um povo
muito místico e praticam xamanismo, tomando chá de pecoche
(cactus). As suas obras de arte, de primorosa técnica, carregam
muito simbolismo. Assim, simplificando bastante, por exemplo, quando a
figura apresenta a cor verde, representa o pecoche, e quando é amarela,
simboliza as figuras geométricas que se vê, quando se inicia
a mudança de consciência. Estas figuras geométricas,
por sua vez, se abrem, dando entrada aos mundos em outras dimensões.
Os trabalhos são feitos em madeira (por exemplo, a cabeça
de um jaguar), que é recoberta de cêra e, sobre essa cêra
são colocadas, uma a uma, as peças de miçangas que
irão formar, em conjunto, as figuras simbólicas. Na própria
cabeça
do jaguar (que, por sua vez, possui o seu significado próprio),
vêm-se as figuras geométricas que significam o pecoche (verdes),
a entrada nos estados divinos (amarelas), a águia, que representa
a visão do alto, onde ela podia observar o que se passava com todos
os animais etc.
Como sempre, há o interesse financeiro, e aí ela nos
falou a respeito de um banco que financia todo o trabalho de apoio à
arte Huichol, fornecendo-lhes rocas, que eles não conheciam, e ensinando-os,
também, a fazer rocas. E há também um hotel construído
pelo mesmo banco, no qual fomos convidados a fazer o nosso dejejum e conhecer
suas instalações (é do tipo clube) e, depois, teríamos
um desconto na compra das peças Huichol...
Em 01/02, fiz um passeio de jet sky: após uma hora de viagem,
de luta contra as ondas encapeladas (pelo menos, na minha visão),
correspondendo a 45 km, paramos, todos do grupo ( a Luiza não foi,
ficou com medo), e colocamos o visor e o respirador. Vi, então,
no cristalino mar do Caribe, os peixes, as formações no fundo,
de todos os tipos; bonito demais! Já em terra, o sujeito que me
alugara o jet sky, me contou que dissera a Luiza que eu tinha ido com "dos
rubias" (duas ruivas)!
Em um restaurante em que estivemos, assistimos à dança
de uma americana loura e alta com um garçon mexicano baixinho; uma
jovem bonita e sorridente que nos atendeu dançou rock'n roll com
um outro garçon, jovem como ela; alguns casais de americanos se
atreveram a dançar, mas, na verdade, não sabiam...
Os garçons, muito animados, fizeram algumas brincadeiras com
os clientes, como irem se levantando, de mesa em mesa, com os braços
para cima ( como fazem nos estádios de futebol); dançarem
salsa, em fila indiana, pelo restaurante! Um dos garçons, em pé
sobre uma cadeira, colocava uma bebida pelas goelas abaixo de cada um/a
dos/as animados/as dançarinos/as!
Em 02/02, viajamos no Yate Fiesta Maya até a Isla Mujeres. Atravessamos
a baía e a viagem foi muito divertida: um animador, por sinal, muito
animado, um conjunto musical, bebida à vontade e gente de todas
as partes do mundo. O iate chegou à Isla Mujeres, onde fomos para
a praia, nadei um pouco e, em seguida, dei uma caminhada até o final
da praia, quando cansei de ver seios à mostra, com as mulheres muito
à vontade (a maioria esmagadora composta por turistas)...
Na volta, o tal animador promoveu um concurso de cantos e outro do
beijo mais sensual. Um americano abobado deitou com a mulher dele no chão
(como se estivesse fazendo sexo) no concurso do beijo mais sensual e deu
outros vexames. Deve pensar que no México e "redondezas" (ou seja,
abaixo da linha do equador) a promiscuidade é total! Ao se dirigir
a alguns suiços, o tal animador comentou, de passagem, que era lá
que os governantes mexicanos guardavam os seus dólares (ou equivalentes)...
Qualquer semelhança é mera coincidência...
À noite estivemos em outro restaurante onde os garçons,
também, movimentaram o ambiente, dando tequila aos clientes ao som
de gritos entusiasmados; "deixando" uma bandeja cair ao chão, assustando
uns americanos, que saltaram nas cadeiras; colocando "um frango morto",
artificial, sobre uma mesa; apitando etc.
Em 03/02, partimos do México, em uma viagem em que enfrentamos
bastante turbulência e ficamos na área dos fumantes (apesar
da minha solicitação contrária) e separados! Acabei
me virando e consegui trocar de lugar com um casal, indo para a área
dos não-fumantes e ficamos juntos!
Saimos às 18 h e chegamos em São Paulo às 6h,
de onde saimos às 9:30 h e chegamos em Brasília depois
das 11 h.
O México me deixou uma belíssima impressão. Os
mexicanos me passaram uma lição de "saber viver": aquele
prazer de viver todos os momentos, aquela alegria que brota espontaneamente,
por uma observação fugaz de um colega de trabalho, por exemplo,
como notei diversas vezes entre eles. Os guias quando se cruzavam, gritavam
entusiasmados, uns para os outros, comunicando-se à distância,
sem se preocuparem se os turistas estavam gostando ou não. No restaurante
do hotel, em Cancun, também conversavam entre si, sorridentes e
despreocupados. Sabem como agradar ao cliente, sem afetação;
dizem palavras agradáveis, sorriem com espontaneidade. As mulheres
são graciosas em sua simplicidade, olham com sinceridade, sorriem
com sinceridade. Os homens são brincalhões e procuram ser
cavalheiros com as mulheres. As músicas são românticas
e falam de "corazón, amor, enamorarse"; são lindas, tanto
as melodias quanto as letras. Porque o preconceito? No México aprendi
que podemos ouvir as músicas com o coração e não
com a mente inquiridora. Vivem em um mundo com muita emoção
e carinho. Um mundo mais suave, mais pleno, com mais qualidade de vida.
E isto é viver, muchachos e muchachas! E isto é viver!