Talvez mais interessante
do que a fantasia de ser uma viajante na estrada por anos, é a idéia
de ser uma parisiense por algum tempo.
Sempre gostei de adotar
a cidade onde estou como minha, esteja eu por dois dias, um mês ou
um ano. Gosto de me inserir nela a ponto de perder o anonimato. Perceber
que a dona do simpático bistrô da esquina já me conhece.
Sair de manhã para a minha rotina francesa e ver sempre, quase todo
dia, o rapaz de sapato vermelho. Uma pessoa que tem uma vida, como eu.
Por uns segundos fazemos parte do mesmo cenário. E eu devo ser a
garota de cabelo castanho e casaco verde.
O prazer de descobrir a
cidade que não é do turista, mas da pessoa que vive lá,
com emoções, alegrias e aborrecimentos do dia-a-dia. Descobrir
aquela loja de roupas bizarras, aquele cinema que só passa filmes
nacionais (franceses), fazer parte, naquele final de tarde, da fila do
cinema. Fazer parte do outro filme. O meu.
Com certeza, essa fita de
vídeo que trago dentro de mim é o melhor souvenir de Paris.
Greta Benitez