ANDANDO DE BONDE NA ALEMANHA...

Vou contar o que me aconteceu outro dia comigo, mas terei que explicar umas coisas antes, para que para vocês possam me entender melhor.

A grande maioria do povo alemã é muito certinha e honesta; sendo assim, aqui, quase não tem alarme nas lojas e em ônibus e nos bondes não há cobrador de passagem, cargo que é substituído por umas máquinas nas quais a própria pessoa, ao entrar, carimba a passagem para que ela seja invalidada. Claro que isso gera problemas, pois muitos não compram bilhete, uma vez que quase não se tem fiscalização no dia a dia. Há muito poucos fiscais nos bondes fazendo a ronda para autuar os infratores, cuja multa é de 40 euros, para quem é pego sem bilhete no bonde ou ônibus.

Agora a minha história: outro dia tinha ido ao supermercado e fiquei sem dinheiro para comprar o vale que custa 1 euro. Pensei: "— Não vai ter fiscal, vou sem vale mesmo, por  agora". Peguei o bonde e já estava quase chegando em casa, quando não é que me levantam dois homens e começam a cobrar de todos a passagem carimbada no bonde???

Na hora eu tremi, tentei apertar o botão de parada, mas não adiantava... um deles já estava bem perto. Pensei : "me fodi". O fiscal veio falar comigo, mas, como eu não falo alemão ainda, não respondi; a sorte minha é que do meu lado estava um rapaz alemão que também não tinha passagem. O bonde parou, o fiscal pegou a identidade do rapaz e saiu com ele para aplicar-lhe a multa. Era para eu ir junto, mas, se eu fosse, nem sei o que ia acontecer, pois não tinha dinheiro para pagar a multa que ia me ser aplicada.

Na hora não sei como fui tão rápido, só sei que, quando caí em mim, já tinha dado a volta por trás do bonde e estava correndo em direção ao outro lado da rua, até um prédio, onde entrei e me escondi na garagem...  Porém ainda havia mais surpresas: vendo-me escondido entre os carros, alguns moradores do alto deste prédio, tentam chamar minha atenção; eu, sem entender os gestos, saio devagar, com cautela, e vejo que os fiscais estão bem na frente desse edifício, pois era ali que ficava o ponto do bonde para voltarem para o centro.

Tento ficar escondido na garagem o mais possível, mas nem isso é possível... porque um morador do edifício vem falar comigo – verdadeira perda de tempo, pois eu não entendia nada do que ele dizia e ele não acreditava que eu não entendia... Saí rápido, antes que ele chamasse atenção sobre mim, e, na rua, fui obrigado a passar de novo pelos fiscais, aparentando uma calma que estava longe de sentir; fingi muito bem, pois eles não me perceberam; mas, quando atravessei a rua, corri o máximo que eu pude....

Ai, ai... E essa aventura toda só por causa da falta de 1 euro!!!!

Rodrigo Mendes

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