O progresso das ciências e a tecnologia encurtaram as distâncias, aproximando os povos. A babel é uma realidade, mas sempre há uma maneira de se comunicar. A dez mil metros de altura, numa máquina voadora, bem diferente daquela experimentada e inventda pelo brasileiro Santos Dumont, sonho. Era plena Segunda Guerra Mundial quando os primeiros aviões sobrevoaram a Malhada. Eram militares em direção a alguma base aérea no Maranhão: o pessoal das roças nunca tinha ouvido falar em tais máquinas e o ronco dos motores fazia pensar ser o fim do mundo. Depois foi a vez do Zepelim, da Cruzeiro do Sul que aterissava nas águas do Parnaíba, em Luzilândia. Depois os aviões passaram a pousar no campo de aviação do Alegre. E eu, quando viajaria naquela máquina? Pensava no príncipe que "voou da Grécia a Turquia num Pavão Misterioso". Este foi um dos cordéis dos muitos que ouvi na sombra do velho tamarineiro. A Grécia era apenas ficção, muito longe de minha realidade, era terra de muitos heróis. Os tempos são outros. Acordo sobrevoando o moderníssimo aeroporto de Amsterdã. Lá onde fico cerca de 5 horas aguardando nova aeronave que levaria os passageiros a Atenas. Após cerca de 24 horas de viagem, contando as horas de percurso e espera em aerporto, enfim, Atenas, na Grécia, terra de muitos deuses, berço da democracia. A ficção do cordel vira realidade. Viajo da Grécia a Turquia de navio. Pena não ser no Pavão Misterioso de minha meninice ou naquele cantado por Ney Matogrosso.
Valdecirio Teles Veras