João Pessoa, linda cidade que não conheci
Um dia inesquecível como o de minha visita a João Pessoa, na Paraíba, merece uma crônica. Acho que por ser um daqueles dias em que nada sai como o planejado. Não digo que nada deu certo, porque pude aproveitar a viagem e ainda me diverti muito com o que aconteceu comigo mesmo. Mas que não saiu conforme o esperado, isso não saiu.
Para começar, ao chegar em João Pessoa, encontrei o céu totalmente fechado. Nublado como que preparando-se para um dilúvio que, felizmente, não veio. Fui de ônibus e, como um pobre turista (ou turista pobre), passeei pela cidade somente de ônibus, também. A começar, fui atrás de um veículo que levasse-me até a praia, o que foi difícil pois as informações são raras até mesmo na rodoviária. Caminhei simplesmente seguindo a massa que foi me deixar no ponto de ônibus mais próximo. Perguntando aos transeuntes, soube qual seria o carro que me cabia. Aliás, aí está um bom conselho às autoridades paraibanas: falta informação e clareza para o turista, que se vê obrigado a ficar a mercê de desconhecidos.
Mas, quem tem boca vai a Roma, e eu, como só queria chegar à praia, consegui. Muito bonita por sinal, de longa areia e limpa. Aliás, apesar de muito simples, a população de João Pessoa é muito educada e recebe muito bem, ao contrário de outras cidades do nordeste brasileiro que são, inclusive, mais famosas. O ruim é que não pude ter uma visão real da praia paraibana pois o sol não quis saber de trabalhar naquele dia. Paciência, fica para a próxima.
Praia perdida, restava-me conhecer a famosa Ponta dos Seixas, o ponto mais ao oriente no Brasil. Como já havia dito, só poderia contar com o transporte público porque se eu utilizasse um serviço de taxi, teria de voltar a pé para São Paulo, o que imaginei ser um tanto desagradável. Fui em busca de informação de como chegar até a Ponta, a qual consegui novamente com populares pois nenhuma fonte oficial foi encontrada. Pois bem, soube que precisava pegar um ônibus que deixaria-me lá, mas havia um problema: o ônibus demoraria muito. Fico imaginando se seria um tipo de fomento aos taxistas da cidade, porque não me entra na cabeça como uma linha de ônibus que ligue os dois atrativos de João Pessoa, a praia e a Ponta, quase não tenha carro. Acontece que eu já estava lá e esperar mais um pouco não seria incômodo. Quinze minutos passaram-se. Depois trinta, quarenta, cinqüenta, até que com uma hora e pouco mais de dez minutos eu irritei-me e desisti de conhecera famosa. Cheguei à conclusão de que talvez fosse tudo mentira: o ônibus, a Ponta dos Seixas... Talvez nada daquilo realmente existisse.
Teorias conspiratórias à parte, ainda deu tempo de conhecer um pouco da cidade, como a "lagoa", que não lembro o nome, e que já tinha passado antes sem prestar atenção, e, onde acabei minha viagem, o shopping de onde, pelo menos, pude tirar minha maravilhosa impressão sobre os paraibanos. Certamente a cidade sofre com a constante má-administração do bem público.
Bom, sem praia e sem Ponta dos Seixas, sem informações sobre nada e sem atrativos (pelo menos divulgados) que dêem alternativas aos turista em dias de chuva, esta viagem a João Pessoa deixou-me na boca um "gosto de quero mais" e uma vontade de dar inúmeros conselhos aos órgãos responsáveis pelo turismo na cidade.
Fernando Paganatto