NOTÍCIAS DE MUNIQUE

Vou tentar contar tudo o que for possivel.

Saímos de Fortaleza na quinta-feira e o vôo foi muíto melhor que o esperado, apesar do preco promocional inacreditável. Chegamos em Milao pela manha e ainda tontos com o fuso horário, fomos almocar na Vittorio Emanuelle, em frente à belíssima catedral de Milao, o Duomo.
No sábado pela manha pegamos um trem de Milão para Munique. Passamos pelo norte de Itália e atravessamos a Áustria. Minha filhota cochilou um pouco, acordou, olhou as casas do norte da Itália pela janela e perguntou: é um sonho?
Parecia. Eram os alpes italianos.

A CASA

Enfim, chegamos em Munique. Nossa casa é ainda mais bonita do que eu esperava. É uma construção dos anos 50, tipicamente alemã. A melhor parte é o jardim! Um pomar com pés de maçã, ameixa, cerejas, uma horta com algumas ervas, abóbora e mais um monte de árvores que ainda precisamos descobrir. As maçãs são verdes, quase branquinhas, com uma textura macia e muito, muito doces! Hoje fiz uma geléia com elas para não estragar, porque são muitas maçãs por dia.
As ameixas também são lindas, de um violeta azulado e por causa delas não estou comendo doces na Alemanha. Só ameixas!
Os donos da casa são muito simpáticos e nos receberam com todo carinho, nos mostrando os detalhes e as regras para o uso de tudo o que está lá.
Estamos em Obermezing, um bairro de casas construídas no pós-guerra. Tranqüilo durante todos os dias da semana. Aqui perto tem tudo o que precisamos, é uma cidade dentro de Munique. Logo no primeiro dia a dona da casa nos levou a um supermercado onde as coisas são muito mais baratas que no Brasil. Muitas opções para vegetarianos, de forma que estamos gastando menos e comendo muito melhor.
Voltando ao bairro, estamos caminhando uma média de 4 km por dia nas redondezas. Em muitas casas vemos umas plaquinhas com o nome das pessoas e suas profissões. Sim, elas trabalham em casa, da maneira que eu acho mais certo. Acho que nunca mais na vida quero trabalhar fora de casa. Mesmo que eu tenha que mudar pra Munique!
Ah! E aqui todo mundo separa o lixo para reciclagem.

O TRABALHO

Logo na segunda-feira comecei o trabalho na Biblioteca. É quase inacreditável trabalhar em uma Biblioteca que funciona dentro de um castelo medieval. Conheci as pessoas que trabalham aqui, as salas, os acervos e finalmente, o meu local de trabalho. Tenho uma mesa dentro da biblitoeca de referências, onde estão os livros, dissertações, teses, dicionários e enciclopédias sobre a literatura infantil e juvenil do mundo inteiro. Preciso de outro momento para falar mais detalhadamente sobre isso, sobre a pesquisa e o pessoal daqui.
Mas já entrei no modo alemão de trabalhar demais e aproveitar bem o tempo.
Há um lago na frente do castelo cheio de cisnes brancos e gaivotas. Ao lado passa um rio lindo, no meio de uma floresta e minha filha já se sente no cenário do filme Ponte para Therabitia. De casa para o castelo são vinte minutos à pé. Antes de chegar passamos por um campo de girassóis. Lá tem uma caixinha: colocando 25 centavos de euro, podemos levar um girassol pra casa.

Ainda não tenho fotos porque preciso comprar pilhas pra máquina e um adaptador pra filmadora. Mas em breve eu abrirei uma conta no Flickr. Em breve também terei mais acesso a Internet. No meu próprio laptop. Mas acho que de tudo o que tenho a dizer, a coisa mais importante é que aqui estamos tendo a sensação de estarmos livres depois de anos de prisão. Sim, aqui somos livres. Podemos andar pelas ruas, sem medo. Respirar fundo. Aproveitar a natureza. Coisas que há tempos não fazíamos no Brasil.

José Carlos Mendes Brandão

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