Impressões e expressões d'uma brasileira em Vienna, Hoje
(Auto-exilada, fugida da miséria-econômica-social no Brasil, amante dessa língua-filha-da-mãe e mátria, o idioma português, essa língua que tanto me emociona...)
Vienna está em polvorosa nestes dias, também fui as ruas e tenho expressões colhidas dessa gente que luta fortemente pelo o que quer e acredita, mesmo que ainda assim políticos populistas de direita até então moderada e aceitável unem-se com os da extrema-direita xenofóbica e racista, mais populista e aproveitadora, oportunista ainda num país que a duras penas e muito trabalho e união conseguiu se reconstruir da 2° guerra, com seus mutilados, mortos e violentados, afastar o fantasma "daquele cara de bigodinho quadrado e pensamento mais quadrado ainda" que infelizmente tinha(?) que nascer em algum país e foi logo aqui, mesmo que a sua ascensão tenha surgido na vizinha Alemanha com pretensões de dominar o mundo... naquele tempo sua pretensão levou-o a uma bala nos tímpanos esfacelando-se junto com milhares d'outras pessoas que infelizmente não estavam em suas concepções de seres humanos e que não apontaram para si próprias nem para seus semelhantes uma arma de fogo/revólver... pelos protestos formais da UE-União Européia vê-se que esse "tiro" vai acontecer em breve novamente; infelizmente (!!?). Bem, quero dizer (e não sei porquê!) que o que me emocionou... Sou uma mulher que se emociona sabe? que bebe, que fuma, que trepa, que joga, vomita, viaja, escreve, cheira, que tem amigos gays além de amigos de todas as raças, come, aborta, luta, lambe, que ama, cospe, dança, grita, que chama seus escritos poéticos de "Escrituras Sangradas", ah! menstrua, conhece muitas regras e quebra várias, que tem ressaca, que se expõe... Ah! pegando o galho que comecei a mexer... que me emocionei com os protestos nas ruas e sei que em todo o tempo "desse" governo de coalizão aqui em Vienna a gente vai protestar a cada dia, porque não se esquece fácil e a memória da gente aqui é ávida e vibrante pelos traumas que a humanidade já viveu em todos os números da história, um país que a 30 anos escolheu o Socialismo com política democrática e lembro assim que o Bra(z)il está "celebrando"(?) (O QUÊ???) apenas 500 anos... Nossa gente, nossa história (malfadada ao sofrimento social-escravista-corrupto administrativo...) tão embrionária quanto "a gala do galo antes de entrar na cloaca da galinha" malfadada como disse entre aspas ao relento da falta de memória política-histórica causa da sempre falta de um conceito amplo, visionário e urgente de educação como base para cidadãos dignos de sua identidade cultural e assim sua própria humanidade, opinião, responsabilidade e vigilância na escolha de seus representantes e no que desempenham para representar legitimamente seu povo... (já escorreguei de novo! meu forte é mais poesia sabe? não sei contar histórias de cabo-a-rabo sem escorregar pelas tangentes dum mesmo assunto, vou buscar botar aqui meus dotes de costureira e fazer uma alinhavada!). Emociona-me ser estrangeira num momento "novamente" histórico (só que agora minha carne/pessoa tá aqui!) para a Áustria e de vozes em coro com o povo austríaco e toda miscigenação possível imaginável, legais e ilegais (Tô legal nessa e se não, ia dizer LEGALIZE JÁ, LEGALIZE JÁ!!!) frases dizendo assim: "Für ein menschenwürdigns Österreich! - Por uma dignidade humana Austríaca!" e melhor e mais forte: "WIDERSTAND!!! WIDERSTAND!!! - Resistência, Resistência!!!"... Lágrimas em meus olhos de emoção, de ver, saber, de estar no mesmo barco, de sentir a força de opinião, esclarecimento e resistência desta gente que as custas como já disse de muita empreitada, sonhos, utopias(?), conseqüência e repetidamente RESISTÊNCIA conseguiram um bom nível de qualidade de vida, rigor e respeito aos direitos humanos, oferecer assim assistência apaixonada para com os refugiados de guerras (tão recentes!), portas abertas aos exilados políticos, econômico-sociais assim como eu, além d'uma vasta comunidade brasileira e d'outras nacionalidades mais, todos presentes no "Protesto de Não-Coalizão com o Racismo", gritamos juntos "Dignidade Humana para todos os Povos!!!" . Aí no Brasil se um protesto desse tivesse "Conseqüências e Engajamento Desinteressado" (dos políticos e movimentos ditos de esquerda por exemplo!) de "toda" a sociedade por um país mais justo, menos escravistas e assim mais humano para com nossos pobres sem-terra, comida, sem-sonhos, sem-saber/educação, sem-futuro, sem-arte, sem-memória, sem-emprego, sem-salário (porque mínimo não é nome que se dê à honorários!), sem-pai nem mãe, sem-chão nem teto, sem-sangue nem leitos, sem leite e sem pão, sem-circo, sem-opinião... iríamos gritar assim: "Dignidade Humana para todas as Classes Sociais no Brasil!!!"; mas, não, não iríamos nem vamos (???) dizer isso em coro??? até quando "todos" ficarão calados???... Porque apenas uns "montes e movimentos" não fazem a natureza das transformações. Quando gritaremos sem cansar: Resistência!? sem que para isso tenhamos necessariamente que estar ligados a partidos e movimentos arrumadinhos??? Quando um estudante fará seu próprio cartaz com sua opinião para ir as ruas sem que "alguém" tenha coordenado ou instruído-o a fazer "isso ou aquilo" ??? Quando a "vontade expressa d'um povo" deixará de ser comentada pelos mandatário inescrupulosos como "...Apenas um Manifesto d'um partidinho de esquerda... ou d'um movimento radical???
Me emociona estar aqui neste processo todo e entre gritos de "Hoch die Internationale Solidarität!" - "Viva a Solidariedade Internacional" e em meio a tantos acontecimentos, aplausos, uivos, palavras e canções vem fortemente em todos, e arrepio-me inteira e as lágrimas nos olhos de antes agora escorrem, brada o coro "O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO!!!" é assim mesmo! entre Português e Espanhol, nós Latinos , Europeus, Turcos, Chineses, Albaneses, Poloneses, Africanos bradamos em idioma latino e forte por uma Dignidade e União HUMANA sem restrições, jamais!!!
Civone Medeiros Tönig