BUENOS AIRES: Poesia Popular

          O gosto pela cultura. A seriedade intelectual. O profundo desejo de refletir sobre a poesia, de tornar a poesia popular.
          Essa é Buenos Aires: encantadora na dedicação ao pensamento e à paixão pela literatura.
          Passear em Buenos Aires e poder vivenciar como a cultura e a história são divulgadas, expostas, respeitadas e repassadas; desfrutar da literatura em todos os pontos da cidade, desde as praças até os museus; é trafegar nas calçadas entre placas e cartazes popularizando a poesia, em projeto da Prefeitura da Cidade, denominado NO HAY CIUDAD SIN POESÍA, de onde extraí o exemplo:

“Tristes guerras
si no es amor la empresa
tristes, tristes
Tristes armas
si no son las palabras
tristes, tristes
Tristes hombres
si no mueren de amores
tristes, tristes.”

(Miguel Hernández – 1910/1942 – Español)

          No Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, visitei a exposição de Tarsila do Amaral – “ Tarsila Viajera ”. Em sua obra, Tarsila se apropria de linguagem moderna e parte de sua produção demonstra plena autonomia em relação è época em que foram feitas. Na exposição, suas pinturas documentam suas viagens e registram as raízes do Brasil. Em decorrência de ter passado o carnaval no Rio de Janeiro, em 1942, realiza pinturas como: Carnaval em Madureira, Morro de Favela, Manifesto Pau Brasil; apresenta, ainda, outras paisagens brasileiras, que ela denominava “ Poesia Popular ”, por suas cores e a simplicidade apreendida nas pequenas cidades interioranas.
           A paixão por literatos também é grande e, muitas vezes, reflete-se na escrita cheia de estilo, como Jorge Luis Borges no poema Buenos Aires:

“É a praça de mayo...

...

É o paredão de La Ricoleta.. .
É uma grande árvore da rua Junin...

...

É a calçada de Quintana...

...

É Elvira de Alvear escrevendo...
É a mão de Norah esboçando...

...

É o arco da rua Bolívar...
É o aposento da Biblioteca...

...

Bueno Aires é a outra rua..., o bairro que não é seu nem meu,
o que ignoramos e amamos.”

          Ao passear em Buenos Aires, observamos a dedicação em popularizar a poesia e a paixão pelos textos, passando pelo respeito ao fazer poético.
          Isso é o mesmo que poder sentir o “vento na cara”.

Tânia Du Bois

« Voltar