NUDISTAS
Acabo de voltar do paraíso: estive conhecendo as ilhas gregas. Sendo minha primeira viagem à Grécia e não tendo muito tempo, escolhi visitar as mais badaladas: Mykonos e Santorini. Voltei com excesso de bagagem, não porque tenha feito compras, mas porque trouxe emoções, informações e descobertas que sempre se revelam quando a gente escapa da pressão da rotina. Como não dá para falar de tudo que vi, resolvi me concentrar num tema que interessa a todos: liberdade, sexo e nudismo.
Nossa sociedade faz de conta que é liberal. Cultiva uns tabus que parecem antigos, mas são, na verdade, novos. Na antigüidade, sexo era uma coisa natural, instintiva e prazerosa. Na modernidade é que somos caretas: sexo é assunto de rodinhas, é motivo pra fuxico, é cheio de regras e artimanhas, e acaba gerando, em vez de prazer, ansiedade.
A Grécia é um país idílico, onde os deuses abençoam o amor, o vinho, o sol, a filosofia e o corpo humano. Não por acaso, muitas de suas praias são liberadas não só para o topless, que é comum em qualquer praia do continente europeu, mas para o nudismo total. Estive em algumas delas. Homens e mulheres despem-se dos pés à cabeça para se bronzear. Não incomodam ninguém, não fazem exibicionismo, apenas pegam um livro ou ficam batendo papo com seus parceiros, naturalmente. E como.
Não há nada de erótico nesta atitude, é apenas naturismo, coisa que nós, que reverenciamos peitos e bundas na televisão e nas revistas, não estamos acostumados e muitas vezes condenamos. Só toleramos a nudez quando ela está associada à sacanagem.
Uma reflexão apenas. Queremos liberdade e queremos sexo sem culpa, mas isto depende muito mais de mantermos uma clareira mental, sem preconceitos, do que da nossa modernice da boca pra fora.
Martha Medeiros